sexta-feira, 23 de março de 2012

Chico Anysio começou no rádio e entrou na Globo em 1968



Chico Anysio nasceu em um sítio em Maranguape, no interior do Ceará, em 12 de abril de 1931.





Segundo ele, por um erro do cartório em que foi registrado como Francisco Anysio de Oliveira Paula Filho, sua certidão de nascimento apontava que tinha nascido em 1929.

Seu pai, Francisco Anysio de Oliveira Paula, tinha uma empresa de ônibus, mas um incêndio na garagem dos veículos acabou com o negócio quando Chico tinha por volta de sete anos. Sobre isso, ele disse em depoimento em seu site: "Um dia a garagem dos ônibus pegou fogo. Não havia seguro. Acordamos pobres. Eu não sabia de nada. Nem da bastança anterior nem da penúria que viria".

Logo depois, aos 8 anos, ele se mudou com a mãe, dona Haydée, e três irmãos para o Rio de Janeiro, onde já morava o irmão mais velho. Seu pai permaneceu no Ceará, tentando refazer a vida como construtor de estradas.

No Rio, Chico Anysio estudou no Lycée Français (depois Colégio Franco-Brasileiro), no Atheneu São Luiz, no Zaccaria e no Anglo-Americano, além de ter sido interno no Colégio Independência.

Aos 16 anos, por conta do erro na certidão de nascimento, teve de se apresentar ao Exército, mas ficou como reservista. Também tirou carteira de motorista e passou a frequentar casas noturnas e a assistir filmes proibidos para menores.

De acordo com depoimento dado ao projeto Memória Globo, o comediante estudou para ser advogado. Mas ele também contou em seu site oficial que quis ser jogador de futebol. Foi justamente quando passou em casa para pegar os tênis para jogar uma partida, que descobriu que a irmã Lupe e um amigo iriam fazer teste na Rádio Guanabara.

Ele desistiu do jogo e acompanhou os dois. Passou nos testes de rádio-ator e locutor.

CARREIRA

Após a estreia na rádio Guanabara, Chico Anysio passou pelas rádios Mayrink Veiga, Clube de Pernambuco e Clube do Brasil.

Em sua segunda vez na rádio Mayrink Veiga, em 1952, criou a "Escolinha do Professor Raimundo".

Após o sucesso no rádio, foi convidado para estrear na televisão, na extinta TV Rio, onde surgiu o "Chico Anysio Show", que aproveitava o surgimento do videotape para pôr no ar diversos personagens do comediante.

Ele passou também pelas emissoras Excelsior, Tupi e Record, até ser contratado pela TV Globo em 1968. Nessa época, começou a lançar discos com músicas inspiradas por seus programas e personagens.

Em 1974, Chico Anysio passou a ter um quadro regular no "Fantástico", que manteve por 17 anos, até 1991.

Entre os sucessos na emissora, estão "Chico City" (1973), "Chico Total" (1981 e 1996), "Estados Anysios de Chico City" (1991) e "O Belo e as Feras" (1999).

Entre 1990 e 1995, a "Escolinha do Professor Raimundo", que já tinha aparecido como quadro em humorísticos anteriores, foi apresentada como um programa próprio. Em 1999, ela voltou como quadro do "Zorra Total", ficando no ar até 2002.

O humorista também atuou em novelas, como "Feijão Maravilha" (1979), "Terra Nostra" (1999), "Sinhá Moça" (2006), "Pé na Jaca" (2006) e "Caminho das Índias" (2009), além de ter participado de outros programas da emissora.

No cinema, trabalhou como ator em filmes como "Tieta do Agreste" (1996), "Se Eu Fosse Você 2" (2008) e "A Hora e a Vez de Augusto Matraga" (2011), pelo qual recebeu um prêmio especial do júri no Festival de Cinema do Rio. Ele também escreveu livros, como "É Mentira, Chico?", e expôs pinturas.

Ele também ganhou duas vezes o prêmio da APCA (Associação Paulista de Críticos de Arte).



CRÍTICAS

Apesar da longa relação com a TV Globo, Chico Anysio teve uma passagem tumultuada pela emissora, à qual teceu diversas críticas ao longo dos anos.

Em 1989, dizendo-se decepcionado com o canal por causa do cancelamento do "Grupo Esculacho", quase fechou contrato com o SBT. 

Segundo noticiado à época, o humorista foi convencido a ficar após receber uma oferta milionária.

Em 2000, ele foi retaliado pela emissora após divulgar por e-mail críticas a diretores da casa e dizer que estava sofrendo discriminação na Globo porque seu filho Nizo Neto não conseguia emprego na rede.

Logo depois, repetiu as críticas em entrevista à revista "Isto É".

Na época, a Globo decidiu tirá-lo do ar - ele participava na ocasião do "Zorra Total" e do "Gente Inocente".

"O artista vem se comportando de modo incompatível com os padrões éticos e de qualidade da emissora, o que exige a suspensão de sua participação na grade de programação", afirmou a Globo na ocasião.

Em 2008, após novo período fora do ar, o humorista comentou o fato de a Globo tê-lo posto na "geladeira".

"Devo ter feito alguma coisa terrível ou alguém falou que eu fiz e eles acreditaram, mas é uma ordem irreversível", afirmou.

Na época, ganhou uma campanha pela sua volta à TV no humorístico "Pânico na TV", da RedeTV!.

As últimas críticas de Chico Anysio à emissora foram registradas em seu blog em 2009.

Ele reclamou da quantidade de jovens no canal - "uma tortura para quem tem mais de 50 anos" - e das "panelas" feitas por diretoras da casa, como Wolf Maya.

"Divagando, a gente vai chegando à conclusão de que na televisão brasileira, quanto mais velho, menos se pode", escreveu.



FAMÍLIA

Chico Anysio era irmão do cineasta Zelito Vianna - pai do ator Marcos Palmeira. Ele também é tio da atriz e diretora Cininha de Paula - mãe da atriz Maria Maya, filha do diretor Wolf Maya.

O humorista se casou diversas vezes. Entre as ex-mulheres, estão Nancy Wanderley, Rose Rondelli, Regina Chaves e Alcione Mazzeo.

Com a ex-Ministra da Economia do governo Collor Zélia Cardoso de Mello teve dois filhos, Rodrigo e Vitória.

O último casamento foi com a empresária Malga Di Paula.

Ele deixa oito filhos, entre eles, Nizo Neto, o Seu Ptolomeu da "Escolinha do Professor Raimundo", o ator e roteirista Bruno Mazzeo e Lug de Paula, o Seu Boneco da "Escolinha".

FOLHA