segunda-feira, 26 de março de 2012

Sob investigação, Israel rompe com Conselho de Direitos da ONU


Israel anunciou nesta segunda-feira o rompimento dos seus contatos com o Conselho de Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas, que na semana passada decidiu investigar os assentamentos judaicos da Cisjordânia.

O rompimento, anunciado pela chancelaria de Israel, implica que os investigadores da ONU não poderão realizar seu trabalho pessoalmente no território israelense ou na Cisjordânia, que é um território palestino ocupado por Israel.

"Não estamos mais trabalhando com eles", disse o porta-voz Yigal Palmor. "Estávamos participando de reuniões, discussões, arranjando visitas a Israel. Tudo isso acabou".

A investigação internacional, solicitada pela Autoridade Palestina, foi aprovada na quinta-feira, e o único país do conselho a votar contra foram os Estados Unidos. Líderes israelenses disseram que o conselho age de forma hipócrita e tendenciosa contra Israel.

"Eles sistemática e serialmente tomam todo tipo de decisão e condenação contra Israel sem nem simbolicamente considerarem as nossas posições", queixou-se Palmor.

Segundo ele, Israel vai continuar cooperando com outros órgãos da ONU.

'ORGANISMO HIPÓCRITA'

O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, criticou imediatamente "a hipocrisia" do Conselho de Direitos Humanos e o Ministério das Relações Exteriores chamou a decisão de "surrealista".

O chefe da diplomacia, Avigdor Lieberman, já havia dado a entender que Israel deixaria de cooperar com esta instância das Nações Unidas.

"Este organismo hipócrita não tem nada a ver com os direitos humanos. A tomada de partido e falta de objetividade são evidentes, e não temos nenhuma razão para cooperar com ele", afirmou Lieberman.

"Não seremos atores neste teatro do absurdo, já que 70% das decisões deste Conselho são hostis a Israel. Pretendemos pedir aos países livres, como Estados Unidos, que se retirem", disse.

Israel não integra o Conselho, mas tem o direito de expressão sob algumas condições. Não pode votar nem apresentar moções. A Autoridade Palestina do presidente Mahmud Abbas recebeu como uma vitória a decisão do Conselho.

REUTERS/FRANCE PRESS/FOLHA