sábado, 31 de março de 2012

Tatiana Belinky comemora 93 anos e chora pela primeira vez em público


Tatiana Belinky, uma das maiores autoras de livros infantis do país, completou 93 anos em 18 de março. Ela tem mais de 270 obras publicadas e é conhecida pelos limeriques (poemas divertidos feitos com cinco versos)

Mas o tempo parece não ter passado para ela. Neste ano, Tatiana já lançou dois livros. Escreve todos os dias, sempre à mão (diz que os computadores não gostam dela). Adora receber meninos e meninas em sua casa, no bairro do Pacaembu (zona oeste de São Paulo). "Eu me entendo com as crianças. Encontrá-las deixa a gente nova".

A nora, que mora com a escritora, organiza a visita de alunos. Em um dos encontros, acompanhado pela "Folhinha" neste mês, as crianças chegaram tímidas e caladas.

"Engoliram as perguntas ou as perguntas engoliram vocês?", quis saber Tatiana. Foi o sinal para se espalharem pela casa, entre livros, bichos e bonecas (Emílias e bruxinhas).

A autora respondeu a perguntas surpreendentes, sem fugir. Teve até que contar se tem namorado.


Sem choro nem vela

Foi também cercada por crianças, em um teatro, que Tatiana comemorou seu aniversário, homenageada por uma peça da Estúdio Mágico Produções, sobre sua vida. Com chapéu de bruxa, chorou em público, o que causou surpresa até para ela! "Foi uma festa tão bonita, tão alegre, que não deu para segurar [o choro]".

É que, até o dia 18 de março deste ano, ninguém tinha visto Tatiana chorar. "Sou assim, é da natureza de cada um. Como era a irmã mais velha, e única menina, não queria dar o braço a torcer. Me acostumei a chorar escondido", conta a autora.

Desde o episódio que chama de "primeira tristeza no Brasil", Tatiana não comemora aniversários (embora sempre comemorem por ela!). O trauma aconteceu quando a autora completou 11 anos. Ela, que nasceu na Rússia, tinha acabado de se mudar para o Brasil e resolveu comemorar a data junto aos novos amigos. A mãe preparou salgadinhos e bolo, todos prometeram comparecer.

Tatiana estava animada. Mas, no dia da festa, esperou trinta minutos, uma hora, duas, e nada de os amigos chegarem. "Não apareceu uma viva alma", conta a escritora. "Mas não reclamei, não queria que meus pais ficassem tristes. Fui para a cama e chorei a noite inteira, sozinha".

Desde então, nunca comemorou aniversário. Mas, ainda bem, sempre comemoram por ela!

FOLHA