sábado, 28 de abril de 2012

Ex-espião israelense adverte contra guerra "messiânica" ao Irã


Um ex-chefe do serviço secreto israelense descreveu os líderes do país como "messiânicos" e incapazes de interromper o programa nuclear iraniano, na mais forte crítica feita por um veterano da segurança sobre as ameaças de lançar uma guerra preventiva.

Outros veteranos também foram contra o primeiro-ministro Binyamin Netanyahu e o ministro da Defesa, Ehud Barak.

Mas a censura de Yuval Diskin, que se aposentou do serviço de inteligência doméstico Shin Bet no ano passado, foi particularmente forte e incomum ao usar a linguagem do fervor religioso que os israelenses associam a inimigos islâmicos.

"Não tenho fé no primeiro-ministro nem no ministro da Defesa", disse Diskin em declarações transmitidas pela mídia israelense no sábado. "Eu realmente não tenho fé em uma liderança que toma decisões a partir de sentimentos messiânicos".

O Ministério da Defesa e o gabinete do primeiro-ministro não responderam às críticas de Diskin. Mas o ministro das Relações Exteriores, Avigdor Lieberman, censurou Diskin e questionou seus motivos.

Os termos catastróficos com os quais Netanyahu e Barak descrevem o prospecto de um Irã com armas nucleares provocaram temores em Israel e no exterior de um possível ataque contra o programa de enriquecimento de urânio da República Islâmica. O Irã diz que o projeto é totalmente pacífico e prometeu represálias abrangentes se houver qualquer ataque a ele.

As potências mundiais, que compartilham das suspeitas israelenses de que o Irã tem um plano de fabricação de bomba oculto, estão tentando paralisá-lo através de sanções e negociações. Essas conversas serão retomadas em Bagdá no próximo mês, mas Barak disse na quinta-feira que suas chances de sucesso eram poucas.

Embora Israel tenha ameaçado com um ataque preventivo se a diplomacia falhar, alguns especialistas acreditam que isso pode ser um blefe para manter a pressão sobre os iranianos, dificultando a interpretação dos comentários do establishment de segurança.

REUTERS/FOLHA