quinta-feira, 26 de abril de 2012

Expropriação abalou relações com Argentina, diz ministro espanhol


O governo espanhol descarta a adoção de medidas para dificultar o comércio com a Argentina, mas reconhece que a relação entre os dois países ficou abalada após decisão da presidente Cristina Kirchner de expropriar ações da espanhola Repsol na petroleira YPF, ocorrida há 11 dias.

"Não vamos ter a mesma simpatia que tínhamos antes em casos que envolvam a Argentina", afirmou ontem Jesús Gracia, número dois do Ministério das Relações Exteriores da Espanha, em viagem ao Brasil.

Para o vice-ministro, a Argentina sai do episódio com sua imagem arranhada não apenas com a Espanha. "Não é segredo que a política aduaneira da Argentina tem levado preocupação a muitos países", ponderou.

No mês passado, um grupo de 40 países apresentou à OMC (Organização Mundial do Comércio) uma denúncia contra as políticas protecionistas do vizinho brasileiro.

No início do ano, a Argentina anunciou uma nova política de travas à importação, por meio de exigência de declaração com a justificativa de compra de cada produto que entra no país.

DECEPÇÃO

Gracia afirmou que a Espanha ficou "decepcionada" diante do episódio de reestatização da petroleira, e disse que a Repsol pretende recorrer judicialmente. "O que a Argentina tem é um profundo problema econômico, não um profundo problema na matriz energética", alfinetou.

Ao justificar a decisão do governo argentino, Kirchner alegou que a empresa não vem fazendo os investimentos necessários para suprir o crescimento da demanda.

A petroleira YPF responde por 1/3 de toda a arrecadação fiscal com empresas na Argentina e seu faturamento anual é de US$ 15 bilhões.

O episódio foi tema de conversa entre o diplomata espanhol, de passagem por Brasília, e autoridades brasileiras. Apesar de o governo ter adotado uma postura discreta em relação ao caso, Gracia demonstrou ter expectativa de que o Brasil possa ajudar a intermediar a relação entre os dois países.

"O Brasil é um dos países que mais tem influência na região. Vamos falar com o Brasil, queremos saber sua posição".

FOLHA