Geleiras andam encolhendo no mundo inteiro sob o assédio da mudança climática, mas na cordilheira de Karakoram, na tríplice fronteira do Paquistão, da Índia e da China, a capa gelada vai muito bem, obrigado. Aliás, anda crescendo.
O resultado, que será publicado em edição futura da revista científica "Nature Geoscience", ajuda a mostrar como cada região do planeta reage em ritmos diferentes, e de maneiras insuspeitas, diante do aquecimento global. Nas montanhas de Karakoram, a camada gelada ficou, em média, 11 cm mais espessa entre 1999 e 2008.
Esse foi o período analisado por um trio de pesquisadores franceses, liderados por Julie Gardelle, da Universidade de Grenoble 1. Eles usaram como base dados de radar obtidos com sensores a bordo de um ônibus espacial e de um satélite francês de observação da Terra.
Já havia indícios de que as geleiras de Karakoram, ao contrário das suas vizinhas do Himalaia propriamente dito, estavam em expansão. Observações de campo na região logo abaixo das geleiras mostravam temperaturas de verão mais elevadas e menos degelo chegando aos rios da região na forma de água.
O problema, porém, era extrapolar esses dados para o resto da cordilheira. A mesma dúvida vale para outras cadeias de montanhas, nas quais a dificuldade de acesso atrapalha as medições. Os dados do espaço e modelos matemáticos ajudaram a contornar a dificuldade no caso de Karakoram.
FOLHA