terça-feira, 1 de maio de 2012

Em Pernambuco, Bial supera 'trauma' de seu primeiro longa



Pedro Bial tinha um trauma. E não se relacionava a repercussões negativas do "Big Brother Brasil", mas a seu primeiro longa, "Outras Estórias" (1999), adaptação de contos de Guimarães Rosa.

"Perdi tudo e mais um pouco", lembra Bial, que busca superar o trauma com o documentário "Jorge Mautner - O Filho do Holocausto", retrato do músico em codireção com Heitor D'Alincourt.

"Além da devastação financeira, houve a frustração de não ter comunicado com o filme. Falei que não estava adaptando Rosa para o cinema, mas o cinema a Rosa. Paguei pelo que disse".

"Agora é tudo digital, mais barato. Ainda não ganhei dinheiro com o filme, mas não perdi", diz o jornalista, que é também produtor do longa.

O novo filme "precisaria ser o mais claro possível", frisa, até porque Mautner não é popular como Raul Seixas (tema de documentário de sucesso atualmente em cartaz).

D'Alincourt introduz uma questão: "As pessoas vão se perguntar por que o sujeito que fala para 50 milhões de pessoas quis fazer um filme sobre um outsider". Bial responde: "Sou fã de Mautner desde os anos 70, quando era adolescente". O projeto, porém, foi iniciativa do parceiro, que tocou com Mautner.

O documentário foi rodado em quatro dias no Rio, num show (sem platéia) de Mautner, com participações de Caetano Veloso e Gilberto Gil. O roteiro é conduzido por 32 canções e pela leitura de Mautner de sua biografia.

Por isso, o filme se concentra mais na formação artística do músico e menos em questões como a da bissexualidade. "O filme tem pudores. A sexualidade não significava muito para a história".

Pode soar estranho vindo do apresentador de um programa televisivo que segue o rumo oposto, mas Bial lida bem com suas "personas".

"As pessoas podem falar: 'Por que esse cara está se metendo a fazer cinema?'. 

O BBB me deu muita popularidade, mas minha imagem ficou muito presente". 

Não, ele não se arrepende: "Adoraria fazer um filme por ano, mas não tenho a menor vergonha de ser o 'senhor BBB'".

FOLHA