sexta-feira, 27 de julho de 2012

Chile apura mais de 200 denúncias de pedofilia em escolas de Santiago


SANTIAGO - O procurador-geral do Chile, Sabas Chahuán, anunciou no fim desta quinta-feira que autoridades estão investigando ao menos 200 denúncias de abuso sexual contra menores em mais de 120 instituições de ensino na região metropolitana de Santiago. Segundo Chahuán, 40% dos casos envolvem colégios na zona leste da cidade, considerada a mais abastada da capital. As acusações chegaram até a jardins de infância e a diretora do colégio Apoquindo, instituição religiosa só de meninas, renunciou ao cargo após onda de denúncias.

- Estamos investigando mais de 120 colégios na região metropolitana de Santiago. Peço que não haja alarde público - disse o procurador. - Devemos investigar com rigor essas denúncias. Se o responsável é um religioso, um civil ou um militar, não faz diferença. O que interessa é que se puna o delito - defendeu Chahuán.

O procurador não informou se as escolas apuradas são religiosas, ou não. Na escola Apoquindo, a diretora María Eugenia Gandarillas renunciou ao cargo após a pressão de denúncias relacionadas a crimes cometidos dentro da instituição. Em nota após a saída de María Eugenia, o colégio diz que “por causa dos últimos acontecimentos - de conhecimento público - e a responsabilidade de fortalecer o colégio e sua continuidade” é necessário “acelerar o caminho de transição e adiantar o que estava agendado para se concretizar a longo prazo”, em referência à posse adiantada da nova diretora, Daniela del Valle.

Outras escolas investigadas e destacadas pela imprensa chilena são os colégios Cumbres e SEK e as pré-escolas Hijitus de la Aurora e Sunflowers Garden. Segundo o último relatório do Ministério Público do Chile, houve um aumento de 22% nos casos de abusos sexuais contra menores de 14 anos no primeiro semestre de 2012, em relação ao período anterior no país.

Religioso é acusado de abuso sexual

Na quarta-feira, o sacerdote de origem irlandesa John O'Reilly foi suspenso do colégio onde trabalhava como conselheiro espiritual, em Santiago, após denúncias de pais de uma aluna que o acusam de ter abusado da menina. Ele negou as acusações e descreveu o caso como “lamentável erro”. No mesmo dia, o arcebispo de Santiago, Ricardo Ezzati, pediu a abertura de uma investigação da Igreja sobre o assunto e suspendeu a participação de O'Reilly da vida religiosa até que o caso seja esclarecido.

Não é o primeiro caso de denúncias de abuso contra religiosos católicos no Chile. Cristián Precht, sacerdote católico que ficou famoso por lutar pelos direitos humanos durante a ditadura de Augusto Pinochet (1973-1990) também foi alvo de acusações de incidentes ocorridos durante a década de 80. Em 28 de junho deste ano, a Igreja Católica no Chile considerou ‘verossímeis’ as acusações contra Precht, e enviou o caso para o Vaticano. A polícia continua investigando caso.

O GLOBO