terça-feira, 9 de outubro de 2012

Brasileiro morto na Austrália estava sob efeito de LSD, diz inquérito

RIO — O estudante brasileiro Roberto Laudisio Curti, de 21 anos, estaria sob o efeito de LSD quando foi morto por policiais em Sydney, em março deste ano. Segundo o inquérito policial, divulgado em audiência na Justiça sobre o caso na segunda-feira, o estudante sofreu uma reação adversa à droga e morreu após receber 14 disparos de pistola Taser, arma não-letal de descarga elétrica. A polícia diz ter acreditado que ele estava armado quando teria roubado pacotes de biscoito de uma loja de conveniência. A imprensa australiana divulgou nesta terça-feira o vídeo de uma câmera de segurança que mostra o momento da prisão do rapaz. (Assista ao vídeo, imagens fortes).

De acordo com o jornal “The Australian”, os familiares defendem que a truculência dos oficiais causou a morte do estudante. Roberto teria morrido por asfixia, após receber os disparos da máquina, além de gás de pimenta. 

Segundo a reportagem, Roberto comemorava o dia de São Patrício com amigos quando consumiu uma pequena quantidade de LSD. O estudante teria se perdido dos amigos e se envolvido em uma briga antes de ser detido pelos policiais. A publicação informa ainda que ele telefonou para a irmã de madrugada, por volta de 4h30min, e perguntou se “eles estariam tentando matá-lo”. Menos de duas horas depois, às 6h11min ele já estava morto.

A audiência sobre o caso começou na segunda-feira e deve durar duas semanas. Serão ouvidas cerca de 30 pessoas, entre elas médicos, policiais, legistas e especialistas em treinamento com armas. Um dos policiais envolvidos na ação, sargento Craig Partridge, disse em depoimento que ouviu pela rádio a notícia de que um homem armado estaria na loja. O oficial afirmou não ter ouvido os outros três boletins seguintes, que desmentiam a informação de que o homem teria uma arma.

Um morador da região, Tommy Wang, testemunhou que o comportamento da polícia foi excessivamente agressivo. De acordo com a testemunha, Roberto teria tentado fugir, mas não reagiu violentamente aos ataques. Outra testemunha, Wendy Price, descreveu o comportamento de Roberto como “um animal selvagem” e afirmou que não considerou que a polícia tivesse agido inadequadamente no momento.

A família de Roberto aqui no Brasil criou o site www.justiceroberto.com para postar novidades sobre o processo. Também foi criada uma página no Facebook (http://www.facebook.com/Beto.Laudisio) em memória ao rapaz.

Roberto vivia com a família em Higienópolis, bairro nobre de São Paulo. Ele viajou para a Austrália no ano passado para visitar a irmã e o cunhado e fazer um curso de inglês numa escola de Bondi Junction, um bairro no sul da cidade. Ele planejava ficar em Sydney pelo menos até junho deste ano.

O GLOBO