quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

Polícia Federal prende quadrilhas especializadas em fraudar vestibulares de Medicina


A Polícia Federal desmontou nesta quarta-feira, 12, um esquema de fraudes em vestibulares de Medicina em 11 Estados e no Distrito Federal. Ao todo foram cumpridos 70 mandados de prisão e 73 de apreensão, expedidos pela Justiça Federal no Espírito Santo.
A chamada Operação Calouro foi deflagrada após um ano e seis meses de investigação. Nesse período, a PF acompanhou a atividade de seis quadrilhas baseadas em Goiás e uma em Minas. Ao todo, elas tentaram fraudar mais de 50 vestibulares em 30 instituições de ensino superior, a maioria privadas. Também tentaram burlar o exame para a Universidade do Estado do Amazonas.
Os grupos atuavam de duas maneiras. Em uma, um aluno bem preparado fazia a prova rapidamente e entregava seu gabarito ao líder da organização. As respostas eram transmitidas aos vestibulandos que contratavam a quadrilha por mensagens de celular, ponto eletrônico ou via radiofrequência. O "serviço" custava entre R$ 25 mil e R$ 50 mil.
As quadrilhas também falsificavam documentos de candidatos e substituía o aluno por outra pessoa no momento da prova. Nessa modalidade, o preço cobrado variava entre R$ 45 mil e R$ 80 mil.
Segundo o chefe do Núcleo de Inteligência Policial da PF no Espírito Santo, Leonardo Geraldo Baeta Damasceno, pelo menos dez pessoas foram aprovadas em exames com ajuda das quadrilhas. Ele diz que as organizações criminosas não tentaram fraudar processos seletivos para universidades federais. "Esses vestibulares têm mais segurança e existe mais temor pela atuação da PF." O delegado afirma que durante a investigação não foram constatadas tentativas de fraudes no Enem.
As quadrilhas atuavam principalmente no Rio, São Paulo e Minas, mas também tentaram burlar exames na Bahia, Distrito Federal, Goiás, Mato Grosso do Sul, Pará, Piauí, Rio Grande do Sul, Rondônia e Santa Catarina.
A operação partiu da PF no Espírito Santo, embora os grupos não tenham atuado em vestibulares de lá. "Tínhamos um alvo no Estado, mas descobrimos que ele tinha um papel acessório no esquema e que o líder da organização era de Goiás", afirma Damasceno.
Segundo o delegado, na "extrema maioria" das vezes, as quadrilhas não conseguiram fraudar os exames. "Nossa estratégia foi conversar antecipadamente com as instituições para ampliar a segurança nos processos seletivos. Repassávamos para as universidades informações sobre pessoas que tinham documentação falsa".
Damasceno conta que, em cada vestibular, as quadrilhas planejavam lucrar entre R$ 200 mil e R$ 400 mil. Os participantes das organizações criminosas serão indiciados por falsidade ideológica, formação de quadrilha e tentativa de fraude de concursos públicos. Os líderes responderão por crime de lavagem de dinheiro e alguns, por falsidade documental.
Os alunos aprovados com ajuda do esquema serão indiciados por falsidade ideológica. Quem não conseguiu passar mas havia contratado o "serviço" responderá por tentativa de falsidade ideológica.
ESTADÃO