sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

Tiroteio deixa 20 crianças mortas em escola primária dos EUA


WASHINGTON - Um atirador matou 20 crianças e 6 adultos, e depois morreu, em uma escola de ensino fundamental em Newtown, no Estado americano de Connecticut. Segundo a polícia local, a identidade do suspeito ainda não foi confirmada. Esse foi o pior massacre nos EUA desde Virginia Tech, em 2007.
Consternado, o presidente Barack Obama decretou luto oficial e chorou durante pronunciamento no qual se solidarizou com as famílias das vítimas. O governador de Connecticut, Dan Malloy, agradeceu o apoio do presidente e disse que ninguém está preparado para receber uma notícia como essa. "Foi uma tragédia inominável", disse.
Das crianças mortas, 18 morreram na escola e outras 2 no Hospital de Danbury, em razão dos ferimentos. Entre os adultos mortos, estão o diretor da escola e um psicólogo. Os tiros foram disparados em duas salas de aula em um dos andares da escola.
Segundo a imprensa americana, a mãe do suspeito seria professora na escola e também teria morrido. Ao longo do dia, houve relatos conflitantes sobre a identidade do atirador. Em um primeiro momento ele foi identificado como Ryan Lanza, de 24 anos. Agora, o crime é atribuído a seu irmão, Adam, de 20. A mãe foi identificada como Nancy Lanza. Segundo a polícia, a confusão ocorreu porque o nome dos irmãos foi trocado por um policial que preencheu o boletim de ocorrência. A foto de Ryan, identificando-o como o atirador, correu o mundo, assim como seu perfil em redes sociais.
A polícia de Newtown recebeu um chamado de emergência às 9h30 (12h30, no horário de Brasília) da Sandy Hook Elementary School, onde estudam cerca de 626 crianças e adolescentes, segundo o tenente da Polícia de Connecticut, J. Paul Vance. Uma equipe da Swat foi enviada para reforçar a resposta policial. Detalhes sobre a operação não foram revelados.
A polícia informou que o atirador estava vestido com roupas escuras, colete à prova de bala e máscara no rosto. Aparentemente, seu principal alvo era a mãe. Ele trazia quatro armas, segundo testemunhas. Mas a polícia confirmou o recolhimento de apenas duas: uma pistola e um fuzil automático. O suspeito disparou pelo menos 100 vezes. Uma segunda pessoa foi detida no bosque próximo à escola e interrogado. Mas não foi confirmada sua identidade nem sua provável coautoria no crime. Ele teria gritado para a polícia, ao ser pego: "Eu não sou o culpado".
A chegada da polícia permitiu a retirada da escola das crianças em pânico e desagasalhadas, apesar da temperatura abaixo de zero. Já do lado de fora, professores tremiam e choravam. Todos tiveram antes de passar por uma revista. A diretora da escola, Dawn Hochsprung, também estaria entre os mortos.
Pânico
"Todo mundo estava traumatizado", relatou Mergim Bajraliu ao principal jornal da cidade, The Newtown Bee. Morador nas proximidades da escola, Bajraliu, de 17 anos, estava em sua casa quando ouviu os tiros e correu para ter notícias de sua irmã, estudante de 9 anos.
Alexis Wasik, estudante de 8 anos, relatou ter ouvido os tiros e visto uma das professoras assistentes do jardim de infância ser retirada em uma maca. "Eu ouvi bum! bum!", descreveu Eva Lestik, de 5 anos, para a rede de televisão CBS, já nos braços de sua mãe, Terese. "Estou horrorizada. Estou rezando pelo feridos", afirmou a mãe.
Um outro aluno, de 9 anos, disse que estava no ginásio quando ouviu os tiros. "Estávamos todos lá quando ouvi barulhos muito altos", disse o menino, tremendo e chorando, amparado pelo pai, à rede de TV NBC. "Pensamos que alguém tinha derrubado alguma coisa. Então ouvimos gritos e barulhos de tiros".
Segundo o menino, que não foi identificado, alguém pediu que as crianças levantassem as mãos para o alto, seguido de um grito de "não atire". Os meninos se esconderam nos vestiários do ginásio. "Foi então que alguém apareceu e nos levou pelo corredor", acrescentou o menino. "Tinha muita gente chorando e gritando".
No Hospital de Danbury, que recebeu os feridos e fica a poucos quilômetros da escola, o clima era de choque. Estarrecidos, médicos e enfermeiras conversavam sobre o massacre. Alguns deles, confortavam parentes das vítimas.
Muitas mães das crianças mortas entraram em estado de choque. Ao menos três crianças ainda estão internadas.
ASSOCIATED PRESS/THE NEW YORK TIMES/ESTADÃO