BOSTON, EUA - Dzhokhar Tsarnaev, suspeito do atentado à bomba na Maratona de Boston, tentou cometer suicídio antes de ser preso durante o cerco policial de sexta-feira a uma residência na cidade de Watertown, informou o analista de segurança da CBS News, John Miller, citando fontes próximas ao caso. O jovem sofreu ao menos dois ferimentos à bala, um na perna e outro na parte detrás do pescoço. Este último teria sido ocasionado por um disparo feito por Dzhokhar contra ele próprio.
— Eles (os investigadores) dizem que a ferida na parte detrás do pescoço foi, possivelmente, uma tentativa de suicídio. Eles dizem que pela aparência da ferida ele pode ter colocado a arma na boca, disparado e a bala saiu pelo pescoço sem matá-lo. Essa é uma das razões pelas quais ele não pode se comunicar, mas ele pode entender o que estão falando. Eles acreditam que vão conseguir falar com ele em breve — relatou Miller.
Segundo o analista, os investigadores esperam que Dzhokhar possa fornecer, prioritariamente, três informações:
— Você fez isso sozinho? Existe alguém lá fora? Existe outro plano?
De acordo com o governador de Massachussets, Deval Patrick, Dzhokhar permanece em estado grave, porém estável.
— Ele ainda não está em condições de se comunicar — disse Patrick. — Eu e acho todos os profissionais da lei esperam, por uma série de razões, que o suspeito sobreviva, porque nós temos um milhão de perguntas, e essas questões precisam ser respondidas.
As autoridades não detalharam publicamente quais ferimentos foram sofridos pelo adolescente, mas um funcionário disse que Dzhokhar está "entubado e sedado". Dezenas de agentes fazem a segurançado hospital Beth Israel Deaconess Medical Center, onde o suspeito está internado.
Autoridades americanas afirmaram que uma equipe especial de investigadores vai interrogar Dzhokhar sem proclamar o chamado aviso de Miranda, que garante ao suspeito o direito de permanecer em silêncio até que esteja na presença de um advogado. Em vez disso, o governo vai invocar uma norma jurídica conhecida como “exceção de segurança pública” que permite aos investigadores interrogar o jovem assim que ele estiver fisicamente capaz.
A isenção pode ser invocada quando a informação é necessária para proteger a segurança pública. Neste caso, o governo acredita que é vital saber se Dzhokhar plantou quaisquer outros explosivos antes de sua captura ou se há outros envolvidos no atentado. Um memorando de 2010 do Departamento de Justiça disse que o atraso na emissão do aviso de Miranda é justificado quando supostos terroristas são capturados nos Estados Unidos.
A American Civil Liberties Union, entretanto expressou preocupação com o fato. O diretor-executivo do grupo, Anthony Romero, disse à Fox News que a exceção aplica-se apenas quando há uma contínua ameaça à segurança pública.
O GLOBO