sexta-feira, 3 de maio de 2013

Grupo americano planeja disponibilizar na internet primeira arma imprimível em 3D


RIO — O universitário americano de 25 anos Cody Wilson, criador do grupo Defense Distributed, promete disponibilizar na internet, na próxima semana, o primeiro projeto de arma de fogo totalmente imprimível em 3D. A polêmica ideia surgiu há quase um ano, quando a organização sem fins lucrativos foi fundada. Até então, o grupo só havia conseguido produzir cartuchos e outras peças para armas tradicionais, além de protótipos que não suportavam disparar mais de seis tiros. Nesta sexta-feira, no entanto, Wilson, estudante de Direito da Universidade do Texas, revelou à revista “Forbes” que planeja publicar na internet um projeto de pistola de plástico nos próximos dias.

A arma — chamada de “Liberator” — é composta por 16 peças de plástico e é capaz de disparar cartuchos convencionais de pistola. Os componentes serão publicados em arquivos CAD. O protótipo foi produzidos utilizando uma impressora Dimension SST, abastecida com plástico ABS.

É o passo mais ousado do controverso projeto, fundado em agosto de 2012. Desde que foi criado, o Defense Distributed provocou reações em diversos setores. A fabricante de impressoras Stratasys chegou a apreender, em outubro, um aparelho que havia sido alugado para a organização, após descobrir para quais fins o produto estava sendo utilizado. Também por causa da movimentação do grupo, o deputado Steve Israel resolveu propor uma alteração na legislação sobre o tema, para regulamentar especificamente as armas impressas em 3D.

Para evitar problemas legais, Cody Wilson afirma que o projeto original da “Liberator” prevê a inclusão de um pedaço de aço, inserido apenas para que a pistola possa ser percebida por detectores de metais, como prevê a lei americana. No entanto, após o arquivo ser disponibilizado para download, eventuais entusiastas podem simplesmente suprimir essa peça adicional. Uma arma de plástico, discreta, potencialmente invisível aos detectores (caso algum montador caseiro não insira a peça de metal existente no protótipo), sem número serial, porém letal, compatível com munição convencional.

— Todos falam da revolução da impressão 3D. Bem, o que poderia acontecer se todos tivessem meios de produção? Estou interessado em ver o potencial dessa ferramenta. Será que ela consegue imprimir uma arma? — disse Wilson à “Forbes”.

Na tarde desta sexta-feira, o deputado Steve Israel publicou um comunicado, repudiando a ideia antes mesmo da publicação dos arquivos. Para o parlamentar, que representa o estado de Nova York, é preciso banir todo tipo de armas letais de plástico.

“Checkpoints de segurança, checagem de antecedentes e regulação de armas terão pouco efeito se criminosos puderem imprimir armas de plástico em casa e passá-las por detectores de metal sem ninguém perceber”, argumenta o deputado, no texto enviado à imprensa americana.

Em março, o Defense Distributed obteve licença federal para produção de armas de fogo. Desde então, a organização é uma fabricante legalizada. Os ideais do grupo são baseados na criptoanarquia e na defesa da liberdade do acesso à informação:
“Se realmente acreditamos que a informação deve ser livre, e que sociedades que compartilham são superiores a sociedades que censuram, então por que não armas? Liberdade de informação tem consequências materiais e descentralizadas. E isso é algo bom”, defendem os fundadores, em um texto de apresentação publicado no site oficial.

O GLOBO