Eduardo Aquino
O Tempo
Você vai para o trabalho como se estivesse indo para um matadouro?
Tem constantes sensações de exaustão, cansaço e fadiga, e a cada dia vai
tomando aversão ao seu ambiente de trabalho? Anda evitando sair, odeia
reuniões e está sem disposição para aquele papo do escritório, da loja
ou da escola? Sente um vazio interior, absoluta falta de disposição e,
nos domingos à noite e nas segundas, em especial, mal dá conta de ficar
em pé? Anda cheio de sintomas físicos e vai a médicos, faz exames, tudo
dá normal, e, no entanto, sente como se fosse consumido por uma
constante virose ou por uma fadiga crônica?
Pois bem, é imensa a possibilidade de você sofrer da síndrome de
Burnout ou, como preferem outros, síndrome do esgotamento profissional.
Trata-se de uma quase falência da energia física e mental, quase uma
depressão laborativa. E, se você for da área da saúde (enfermeiros em
especial, médicos em enorme proporção, atendentes nas urgências, então,
nem se fala), da área da educação (tanto que existe um capítulo à parte
para os professores), profissional da tecnologia de informação,
trabalhador do judiciário, de repartições públicas, bancário, ou
daqueles que mais lidam com o público, fique de orelha em pé! Sem um
mínimo de prazer, relaxamento e, por que não dizer, dom e talento, o
trabalho pode ser altamente doentio.
TUDO PELO DINHEIRO
Fazer o que não se gosta, tendo como objetivo a mera sobrevivência
salarial, agindo de forma robotizada, indiferente e torturante, é meio
caminho para o inferno diário. Hoje, percebemos que há uma epidemia de
insatisfação profissional contaminando o ambiente de empresas, com perda
de produtividade e uma troca constante de empresas e empregos, como
sinal dessa síndrome. Em um mundo rápido, competitivo, que exige
especialistas em detrimento da criatividade, relaxamento, alegria e
estímulo no trabalho, é preciso começar a pensar seriamente nesse
problema que afeta a todos.
Afinal, passamos um terço da vida no trabalho e, para piorar, o ir e
vir no trânsito caótico, em meios de transporte sufocantes, e ainda
tendo que viver forçosamente em companhia de pessoas que muitas vezes
são pesadas, insatisfeitas e queixosas. Dose pra leão!
Tem solução? Sim, e o primeiro passo é entender que, após um
diagnóstico, tal quadro impõe tratamentos que podem ir desde o uso de
medicação bem prescrita até apoio terapêutico, mudanças de rotina,
exercícios aeróbicos, eliminação de cafeína e regulação de sono, entre
outras medidas.
ECOLOGIA HUMANA
Bendita a empresa que investe em uma ecologia humana para seus
funcionários, que entende que a morbidade, a angústia, o estresse
sufocante são custos, e busca, assim, formas de combate ambiental a esse
desastre que é a síndrome de Burnout. Quantas vezes atendo médicos com
fobia de hospital, querendo desistir de tudo? Ou educadores dedicados
que têm pânico só de ouvir a bagunça dos alunos ou pais hostis? Quantas
carreiras são abandonadas, quantos talentos desperdiçados por uma
inadequação do ambiente de trabalho?
Em um mundo que perde a cada dia a sensação, a percepção e a
consciência do sentido da vida, mudar comportamento e buscar uma nova
forma de existir começa de dentro para fora. Chega de viver em preto e
branco e ficar trocando seis por meia dúzia. O tempo não para, e extrair
do paralelepípedo a pedra preciosa é uma urgência de todos nós!
Tribuna da Internet