Sylo Costa
O Tempo
O Brasil de hoje me lembra aquelas galeras da antiguidade, tocadas a
remo por seres espoliados, navegando em mares revoltos e sem rumo. Será
que estou sendo um pessimista de plantão, que nunca enxerga saída nas
dificuldades que se apresentam? Pode ser. Mas não estou aqui para falar o
que pensam os leitores, e sim para dizer o que sinto e como vejo os
acontecimentos dessa graça que é viver. Sei que existo porque penso.
Assim, é como um cartesiano que estou escrevendo e vendo aquela galera
sendo tragada por ondas gigantes, como tudo o que compõe a mitologia
grega…
Nossa nau começa a afundar porque Dona Dilma dividiu o governo em
dois e entregou uma parte a Joaquim Levy, que acredito ser um homem
competente e probo, mas é banqueiro, e a outra parte, a política, a
Michel Temer, que, por sua vez, dividirá sua missão com duas raposas
políticas, no pior sentido: Renan e Eduardo Cunha.
Resta a Dona Dilma ocupar-se com o trabalho dos maquiadores e
cabeleireiros e, nos intervalos, com o celebérrimo marqueteiro João
Santana, figura hecatonquira, cheia de mãos e dedos de fazer inveja a
quem não os tem…
MAIS MÉDICOS
Em meio a essa tempestade, aparece, do nada, alguém que estava na
espreita e saca o projeto da terceirização, leizinha que chega na ponta
dos pés, mas vai fazer um barulho dos diabos. Dizem seus autores que só
poderão ser terceirizadas as atividades-meio, nada nas atividades-fim.
Quer um exemplo dessa treta? O acordo do Brasil com Cuba no programa
Mais Médicos: o Brasil compra serviços de Cuba, que fornece os médicos. O
Brasil paga o serviço a Cuba, que paga aos médicos um quinto do que
recebe. Essa sacanagem comercial pode ser chamada de “trabalho escravo”
ou “serviço terceirizado”. E, se quiserem, serviço de espionagem de
gente esperta contra gente besta metida a esperta…
EXPLORAÇÃO DO HOMEM
Essa lei burocratiza os contratos de trabalho, prejudica os
assalariados, desfaz vantagens adquiridas pela classe trabalhadora e se
enquadra em princípios que só Marx e Lenin previram na exploração do
homem pelo homem. É um acinte ao bom senso. Arrisco-me a afirmar que,
aprovada e sancionada essa lei, torna-se necessário submetê-la ao crivo
do egrégio Supremo Tribunal Federal (STF), pois ela tem o cheiro podre
das inconstitucionalidades.
É preciso muito cuidado para andar no escuro, situação a que estamos
sujeitos neste momento. Vejo agora que o prefeito de nossa BH se elegeu
presidente da Frente Nacional dos Prefeitos (FNP) e já vem falando
noutro absurdo: buscar respaldo na legislação para que a administração
das cidades grandes adquira empréstimos externos para destravar o
desenvolvimento econômico. Já pensou que desgraça poderá ser isso?
Prefeitos com competência para tomar dinheiro emprestado no exterior?
Onde vai parar a Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF)?
Sem essa lei, o
Plano Real não sobreviverá, e, aí, salve-se quem puder. Eu sei de modo
muito mais fácil para acabar de liquidar com nosso país: votar novamente
no PT, se possível no mentiroso ex-Luiz…
Tribuna da Internet