Eduardo Aquino
O Tempo
Estou tentando compreender o que se passa com uma geração tão
promissora, mas que pouco tem acrescentado: a tão famosa “Geração Y”.
Me
deparei com mais uma pesquisa apontando características estranhas entre
os nascidos entre 1978 e 1999, desta vez mostrando que 20% dos
trabalhadores nessa faixa etária apresentam sintomas de depressão
profunda no ambiente de trabalho, alto grau de absenteísmo, baixa
produtividade, índice de alta rotatividade entre empregos e insatisfação
constante com o salário ou com a baixa qualidade de vida nos ambientes
laborativos – além de relatos de uso compulsivo e indiscriminado de
aplicativos para smartphones, em especial o WhatsApp.
Os empregadores ainda fazem queixas acerca dos altos níveis de
ansiedade, irritação e mau humor e dos atrasos constantes desses
profissionais.
Chama atenção a dificuldade de interação social,
isolamento e o precário nível de conhecimento geral.
O certo é que é baixo o índice de liderança nessa geração.
Isso sem
contar o excesso de individualismo, o egocentrismo e narcisismo, que
levam a um estado de acomodação, ou certa preguiça.
Muitos da geração Y
ainda moram com os pais e avós e, às vezes, dependem financeiramente
deles.
SEM FUTURO
Desolador, ainda, é perceber o desalento com relação ao futuro.
Na
Europa, o índice de desemprego entre os jovens é desesperador.
Já no
Brasil, essa geração começa a ver o impacto das transformações
econômicas e, segundo o IBGE, o aumento do desemprego aqui já é de quase
19% neste ano.
Tendo metade dos meus filhos nessa idade, não posso me queixar no
geral. Todavia, acompanho questões que pesquisas não costumam contemplar
como, por exemplo, o sono.
Sempre que posso tento alertar sobre o
tremendo impacto que noites mal dormidas causam no psiquismo humano,
dando enfoque especial nas “baladas”.
A inversão noite/ dia do sono
responde por perda de 70% da capacidade de fixação de memória,
diminuição da vitalidade, aumento da preguiça e irritabilidade, entre
outros danos.
É sabido que o desequilíbrio dos hormônios melatonina e
cortisol, que regem o sono/ vigília, é um dos fatores que mais levam a
transtornos de ansiedade e humor.
Se uma noite mal dormida já é desastrosa, imagine duas noites com
“baladas” consecutivas?
A inversão noite/ dia também vale para os que
trocam de turno no serviço com trabalhos diurnos e noturnos; em especial
os que atuam na área de saúde, policiais, trabalhadores de bares e
restaurantes, vigias, porteiros, motoristas de ônibus e assim por
diante. Estes, certamente, serão sérios candidatos a desenvolver um
quadro de depressão grave.
VIDA HIPERCONECTADA
Ressalto ainda a vida acelerada, hiperconectada.
Aliás, os “filhos da
tela”, os viciados em tecnologia, compulsivos, inquietos e dependentes
de smartphones já são, por definição, portadores de transtornos de
ansiedade.
O impacto social e econômico na saúde só será avaliado daqui a alguns
anos, mas a geração Y, vem sendo menos feliz e bem sucedida que
qualquer outra anterior.
Isso é, de fato, um objeto de pesquisas.
Em suma, vale a máxima que diz que, apesar de todos os avanços
tecnológicos, cafuné, ombro amigo, colo e carinho ainda são
indispensáveis!
Tribuna da Internet