sábado, 2 de maio de 2015

AONDE FOI PARAR A TRANSPARÊNCIA PROMETIDA POR LEVY E BARBOSA?

Vicente Nunes
Correio Braziliense
 
Assim que tomaram posse, os ministros da Fazenda, Joaquim Levy, e do Planejamento, Nelson Barbosa, anunciaram novos tempos na economia. Além de medidas fundamentais para arrumar a casa e reverter todo o estrago provocado nos quatro primeiros anos do governo de Dilma Rousseff, como a meta de superávit primário de 1,2% do Produto Interno Bruto (PIB), comprometeram-se com um valor fundamental para um país que, dia após dia, vem se deparando com denúncias de corrupção: dar transparência à administração pública.

Depois de quase cinco meses no cargo, nem Levy nem Barbosa dão demonstrações claras de que vão cumprir o que prometerem no quesito transparência. As pastas que comandam continuam funcionando como verdadeiras caixas-pretas. 

Conseguir informações relevantes à sociedade é quase impossível, sobretudo se os dados desvendarem mamatas e o descalabro em várias áreas do governo.

Tente, por exemplo, saber da Fazenda e do Planejamento quantos são os assentos que o governo tem em empresas estatais, cargos que são repartidos entre um grupo restrito de servidores públicos e indicados políticos selecionados pelo Palácio do Planalto. 

Cobre do Departamento de Controle das Estatais (Dest), órgão vinculado a Barbosa, informações sobre as empresas que vêm colocando em risco o ajuste fiscal. No máximo, receberá respostas genéricas, que desrespeitam a inteligência.

INTERESSES ESCUSOS

É inaceitável que seja assim. O mais assustador, porém, é que não há perspectiva de mudança. A máquina pública foi construída para facilitar malfeitos, viabilizar grupos com o objetivo claro de enriquecer às custas dos contribuintes. Transparência não combina com esses interesses escusos.

Pode ser que até Levy e Barbosa venham a surpreender ao romper com esse modelo nefasto. Os dias estão correndo. Enquanto mantiverem os olhos fechados, os malfeitos prevalecerão e milhões de reais continuarão escorrendo diariamente pelos ralos da corrupção.

O custo da falta de transparência para o país é elevado. Em seminário semana passada, Cristiano Herckert, secretário de Logística e Tecnologia da Informação do Ministério do Planejamento, foi enfático: “Abrir dados é uma forma de gerar desenvolvimento econômico e social para nosso país”. 

Pena que nem mesmo os colegas de trabalho dele acreditem nisso. Se acreditassem, contribuiriam para a grande revolução que todos anseiam: um governo que não tem medo de se mostrar.

Tribuna da Internet