domingo, 24 de maio de 2015

O SONHO QUE VIROU PESADELO

Carlos Chagas

O orçamento foi aprovado pelo Legislativo, segundo previsão do Executivo, que agora retira 69.9 bilhões de reais do total.

 Todos os setores do governo foram atingidos, mas a indignação maior refere-se à Saúde, que perde 11.774 bilhões e à Educação, garfada em 9.423 bilhões.

 Hospitais e escolas, de resto deficientes e insuficientes, sofrem a maior agressão.

 A quem a população deve reclamar? 

Aos que puseram a economia nacional em frangalhos, quer dizer, o governo, grande responsável pelo caos que nos assola. Primeiro por sua incapacidade.

 Depois pela imprevidência.

 Só que quem vai arcar com o prejuízo somos nós, a sociedade.

Quando em campanha pela reeleição, em outubro passado, a presidente Dilma nem por um momento admitiu as dificuldades já mais do que evidentes. Iludiu a maioria do eleitorado, escondendo-se atrás da falsa euforia e das promessas vãs. Direitos trabalhistas e previdenciários estão sendo reduzidos. Impostos, aumentados.

 O desemprego caminha a passos largos, junto com a pobreza.

 A inadimplência se multiplica.

 A violência também. Uns poucos privilegiados mandam seus milhões para o exterior, enquanto as massas deixam de ranger os dentes pela falta deles.

Convenhamos, alguma coisa precisa ser feita. Em tempos remotos, mas nem tanto, o povo ganhava as ruas e pela força depunha seus governantes. Com o aprimoramento da democracia, estabeleceram-se soluções pacíficas, mas eficientes.

 No parlamentarismo, caem os gabinetes. No presidencialismo, surgem o impeachment e novas eleições.

Não há porque o país acomodar-se a três anos e meio de novas frustrações, quando nem se tem certeza de as instituições se sustentarem até lá. 

Para evitar a desagregação nacional a palavra de ordem só pode ser de “basta”. 

De “fora”, por quaisquer instrumentos ou mecanismos possíveis, de preferência constitucionais.

O governo de Madame acabou com esse melancólico final antecipado. O pouco que lhe restava de credibilidade acaba de sair pelo ralo. 

O Partido dos Trabalhadores não é mais dos trabalhadores e deixou de ser partido. O corte de quase 70 bilhões acaba de selar o destino do sonho que virou pesadelo.

Tribuna da Internet