sexta-feira, 5 de junho de 2015

JOÃO PAULO CUNHA VOLTA À POLÍTICA SEM TER DIREITOS POLÍTICOS

Cátia Seabra e Moacyr Lopes

  Folha

Condenado no processo do mensalão e cumprindo pena em regime aberto, o ex-presidente da Câmara dos Deputados João Paulo Cunha (SP) discursou, nesta sexta-feira, para militantes petistas num ato realizado na sede do PT de Osasco.

João Paulo fez uma análise de conjuntura e ditou orientações para que seus correligionários vençam a eleição municipal do ano que vem. Ao falar para cerca de 80 pessoas, ele relatou conversa que teve na véspera com o presidente estadual do PT, Emídio de Souza, sobre o tema.

Usando um agasalho do São Paulo F.C., ele chegou à sede do PT de Osasco às 9h40. Os militantes que o cercavam foram orientados a não tirar fotos nem fazer postagens nas redes sociais. João Paulo abraçou correligionários e beijou crianças.

No discurso de quase uma hora, João Paulo também reconheceu erros cometidos pelo partido, tanto no escândalo do mensalão como na Petrobras, mas afirmou que essa não é a causa principal das críticas ao PT.

“O PT errou? Claro que errou. Errou demais. Errou no mensalão. Errou agora de novo. Mas não é por isso que o PT tem apanhado tanto”, afirmou João Paulo, alegando que o partido é alvo de ataques de uma elite contrariada com a administração petista. “Temos que resistir”, conclamou.

SEM DIREITOS POLÍTICOS

Em dezembro de 2012, o STF (Supremo Tribunal Federal) determinou a suspensão dos direitos políticos dos condenados no processo do mensalão. Seguindo orientação de seus advogados, os condenados não cumprem atividades político-partidária desde então.

Num artigo de 1997, o hoje ministro do STF Teori Zavascki sugere que a suspensão dos direitos políticos inclua a proibição de filiação partidária. “A perda ou suspensão dos direitos políticos traz aos cidadãos atingidos consequências muito mais abrangentes que as relacionadas com eventual e episódica participação em determinado pleito eleitoral”, diz o texto.

O ministro Marco Aurélio Mello afirma que a suspensão dos direitos políticos significa a perda temporária dos atributos necessários para que o brasileiro possa concorrer à eleição. Mas vê exagero na proibição de presença em reuniões de caráter partidário.

REGIME ABERTO

Condenado por peculato (desvio de dinheiro) e corrupção, João Paulo cumpre pena em regime aberto desde fevereiro. Com isso, pode trabalhar e circular livremente durante o dia, sendo obrigado a se recolher em casa no período da noite. A pena é cumprida em Brasília, onde ele trabalha num escritório de advocacia.

Este mês, João Paulo obteve autorização para viajar a São Paulo em comemoração ao seu aniversário, neste sábado (6).

O seu aniversário foi também a justificativa para a realização do encontro desta sexta-feira “vamos tomar um café e bater um papo com sabor de conjuntura e outras lembranças”, diz o convite. Na segunda-feira, ele terá novo encontro, dessa vez com sindicalistas.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
É uma situação surrealista e ilegal. Como é que um réu condenado, que sofreu perda dos direitos políticos, pode fazer política partidária livremente, à frente de todos. E ainda aparece um ministro do Supremo para declarar que o cidadão sem direitos políticos pode fazer política. Sinceramente, é melhor fechar as portas do Supremo. (C.N.)

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