domingo, 20 de março de 2016

Se a Câmara aprovar, o Senado também aprovará o impeachment

Adriano Ceolin
Estadão


Principal esperança do governo contra o impeachment no Congresso, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), já disse a interlocutores que não tem condições de barrar o afastamento da presidente Dilma Rousseff do cargo caso a Câmara dos Deputados tome essa decisão. Segundo Renan avaliou com pessoas próximas a ele, se isso acontecer, haverá uma “onda” que certamente resultará na cassação da presidente”.

Para Renan, caberá ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva evitar o impeachment na Câmara dos Deputados. Conforme o Estado apurou com um auxiliar próximo ao presidente do Senado, se o governo não tiver os 171 votos dos deputados para evitar o impeachment, restará ao Senado referendar a decisão. Pelo rito determinado pelo Supremo Tribunal Federal (STF), cabe ao Senado a palavra final sobre o afastamento da presidente.

LULA FALOU DEMAIS

Como o Estado informou no começo da semana passada, Lula fez questão de se certificar de que teria o apoio de Renan para assumir o comando da Casa Civil.

Mas a divulgação dos grampos telefônicos em que o ex-presidente diz que o Supremo Tribunal Federal (STF) está “acovardado” e que ele, Renan, “está fodido”, jogaram por terra qualquer chance mais efetiva de o presidente do Senado trabalhar em favor das ações de Lula.

Logo em seguida, o ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal, suspendeu provisoriamente a posse do ex-presidente e determinou que as investigações que envolvem o petista na Operação Lava Jato retornem para a primeira instância, conduzida pelo juiz federal Sérgio Moro.

POSTURA INSTITUCIONAL

Renan tem dito a seus aliados mais próximos que “mais do que nunca” terá de adotar uma postura “institucional” diante das revelações da Operação Lava Jato. O presidente do Senado é também acusado de ser beneficiado pelo esquema de corrupção na Petrobrás.

Recentemente, ele foi mencionado na delação premiada do senador Delcídio Amaral (ex-PT-MS). O nome de Renan já havia aparecido em depoimentos do ex-diretor da Petrobrás Nestor Cerveró e do lobista Fernando Baiano.

Senadores do PMDB próximos a Renan, como Eunício Oliveira (CE) e Romero Jucá (RR), também já deixaram claro seu afastamento do governo Dilma.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – Manipulado pelo ministro Luís Roberto Barroso, o Supremo inventou a tese de que o Senado poderia liminarmente vetar o impeachment, sem levar Dilma a julgamento. Mas foi uma ilusão à toa, como dizia o genial compositor Johnny Alf. Os senadores não vão segurar este rojão. A governanta Dilma já pode ir arrumando suas coisas e tralhas, como diz seu amigo Lula, ao se referir aos valiosos presentes que surrupiou da Presidência da República.(C.N.)

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