O secretário de Defesa dos Estados Unidos, Robert Gates, afirmou nesta segunda-feira que a nova instalação nuclear descoberta na Coreia do Norte é um risco potencial, já que permite ao regime comunista produzir mais armas nucleares.
Os EUA, além do Japão e Coreia do Sul, discutem nesta segunda-feira como lidar com a informação de um cientista nuclear americano que visitou a nova instalação nuclear norte-coreana e descreveu um local altamente sofisticado, com moderna operação de enriquecimento de urânio e 2.000 centrífugas.
A Coreia do Norte desenvolve há anos um programa nuclear sob críticas do Ocidente, que já tentou, sem sucesso, negociar sua desnuclearização. O regime recluso do ditador Kim Jong-il sofre ainda diversas sanções do Conselho de Segurança da ONU (Organização das Nações Unidas) por manter seu programa nuclear com fins claramente militares.
Gates, que está na Bolívia para uma conferência regional de defesa, disse ainda não acreditar que a nova e avançada instalação norte-coreana seja parte de um programa nuclear pacífico. Pista disso, afirmou Gates, são os mísseis de longo-alcance desenvolvidos pela Coreia do Norte e que poderiam levar as ogivas nucleares.
"Uma planta de enriquecimento como esta, assumindo que é o que é, obviamente dá a eles potencial para criar mais", disse Gates, acrescentando que a Coreia do Norte desenvolve um programa nuclear "há muito tempo".
"A Coreia do Norte ignorou um número de resoluções do Conselho de Segurança. Eles continuam exportando armas. Então a noção de que eles desenvolveram isso é obviamente uma preocupação", disse Gates.
Se a usina fosse para fins civis, questiona ainda, "eles deveriam receber a AIEA", em referência à Agência Internacional de Energia Atômica, que supervisiona o uso de energia nuclear em todo o mundo.
Mais cedo, o enviado especial dos EUA à Coreia do Norte, Stephen Bosworth, afirmou que a nova usina não é uma surpresa ou uma crise, mas representa um ato provocativo e desapontador.
"Este é obviamente um anúncio desapontador. É também um em uma série de medidas provocativas da Coreia do Norte", disse Bosworth. "Dito isto, esta não é uma crise. Nós não estamos surpresos por isso. Nós acompanhamos e analisamos as aspirações [norte-coreanas] para produzir urânio enriquecido há algum tempo".
Ele afirmou ainda que Washington trabalhará junto a seus parceiros regionais para garantir que não haja nenhuma ameaça de Pyongyang. Bosworth participou de uma reunião com representantes da Coreia do Sul e do Japão, que se mostraram mais preocupados com as consequências desta nova instalação na vizinha comunista.
O ministro de Defesa da Coreia do Sul afirmou a legisladores nesta segunda-feira que Seul discutirá a possibilidade de trazer armas táticas nucleares dos EUA de volta ao país --como medida preventiva.
Já o Japão considerou o assunto "alarmante". "O desenvolvimento nuclear norte-coreano é totalmente inaceitável do ponto de vista da segurança do Japão e da paz e estabilidade na região", disse o porta-voz do governo de Tóquio, Yoshito Sengoku.
Folha Online