segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Banco sonoro armazena vozes e ruídos da Cidade do México

Cerca de 800 sons urbanos gerados pela caótica Cidade do México --como o barulho de um caminhão, o latido de um cachorro, os sinos dos vendedores de sorvetes ou as notas de um órgão de rua do século passado-- foram registrados em um banco sonoro digital, explicam os responsáveis pela iniciativa inusitada.

O Colégio de Comunicação da Universidade do Claustro de Sóror Juana foi o responsável por captar e entesourar uma enorme quantidade de sons reais de animais, objetos, pessoas, instrumentos, canções e ambientes, e reuni-los no que sua página na internet chama de "Sonoteca do México".

"É um projeto que tem duas facetas: por um lado a difusão da cultura e, por outro, a formação acadêmica através dos sons e ruídos que diversos ambientes geram, explicou à agência de notícias Efe o responsável pela instituição, Carlos Adolfo Gutiérrez.

O banco de dados, iniciado em 2009, foi elaborado com a finalidade de captar e registrar alguns sons em extinção e outros gerados por novas atividades na cidade, que juntos formam a riqueza acústica da Cidade do México.

"Os seres humanos perderam a capacidade de escutar, e este banco convida as pessoas a ouvir e a recuperar o ambiente patrimonial e cultural", disse Gutiérrez.

Vários artesãos e comerciantes de rua apregoam pela capital mexicana seus produtos mediante assobios, campainhas e instrumentos sonoros ou a viva voz.

Entre estes, destacam-se os gritos dos vendedores de aves canoras e de jornais, os vendedores de roupa, os assobios do afiador de tesouras e facas ou de um vendedor de batata-doce e as badaladas do chocalho de um distribuidor de leite.

Esta base de dados também recria ambientes mais atuais como o dos estádios de futebol, os automóveis que circulam pelas ruas, as manifestações e as praças, como a de Santo Domingo, no centro histórico da Cidade do México.

"Este banco tem a finalidade de fornecer registros autênticos e de alta qualidade de qualquer ambiente ou circunstância, e pode se adaptar a qualquer uso, seja profissional ou pessoal", acrescentou o especialista.

Segundo Gutiérrez, a fonoteca "livre de direito", é totalmente gratuita e pode ser acessada a partir de sua página na internet.

Cada um dos sons pode ser descarregado em formato mp3 e monoaural a 64 kilobytes por segundo.

O registro de sons do banco de dados aumentará 30% nos próximos quatro meses, e poderá ser aproveitado por acadêmicos, estudantes e quem trabalha com produções sonoras e audiovisuais.

Uma parte importante do banco é formada pela "área musical", onde se encontram canções, sons de instrumentos e efeitos especiais.

Por exemplo, aí se acha a voz de um cantor em um vagão de metrô, um saxofonista fora de um museu e os tocadores de órgão que a cada dia se concentram na principais ruas do centro histórico.

A partir de agora, as mentes ávidas para compartilhar ideias e sentir emoções, segundo Santiago Fernández Trejo, professor de produção e recriação sonora na mencionada universidade e um dos responsáveis da iniciativa, já têm um banco ao qual acessar. Folha Online