domingo, 24 de abril de 2011

ETA avisa que caminho para a independência basca será 'longo e difícil'

A organização terrorista ETA defendeu neste domingo a independência e a constituição de um 'Estado basco' e avisou que 'o caminho será longo, difícil e duro', dada a dimensão da aposta.

Em comunicado publicado pelo jornal basco "Gara" por ocasião da celebração do Aberri Eguna (Dia da Pátria basca), a ETA assinala que "a independência, criar um Estado basco, é a única opção para conseguir a liberdade totalmente".

O grupo terrorista considera que "nos últimos meses está se abrindo uma nova era" para o País Basco e opina que "na base dos passos que estão sendo dados está o desafio de passar de ter a porta da liberdade aberta a atravessá-la".

Aposta, neste sentido, por "passar da situação de opressão atual a uma situação democrática baseada na territorialidade de Euskal Herria e no direito de decidir".

A ETA defende dar "a palavra ao povo, em igualdade de oportunidades, e com a adesão da maioria, com a perspectiva de chegar à independência".

O grupo conclui seu comunicado cumprimentando quem recuperou a liberdade recentemente "após longos encarceramentos", na sua opinião, "lutadores bascos que foram exemplo para diferentes gerações".

Recentemente saíram da prisão José María Sagarduy Moja, conhecido como "Gatza", após quase 31 anos atrás das grades, e o "etarra" Antonio Troitiño, libertado após 24 anos na prisão e hoje em paradeiro desconhecido após a Audiência Nacional espanhola ordenar sua detenção.

O último comunicado da ETA não contém uma reafirmação do cessar-fogo declarado no dia 10 de janeiro.

Esse anúncio de cessar-fogo aconteceu depois que seu entorno político, as legendas da ilegalizada esquerda independentista basca, pediram reiteradamente nos últimos meses esse gesto.

Com esse anúncio, a ETA proclamou em 12 ocasiões a cessação de suas ações violentas desde 1981. O último cessar-fogo datava de março de 2006 e finalizou em dezembro do mesmo ano com um atentado com carro-bomba na Terminal 4 do aeroporto de Madri-Barajas, no qual morreram dois imigrantes equatorianos, e após o qual o governo aceitou abrir um processo de diálogo.

Desde então, o grupo armado sofreu golpes sucessivos em toda sua estrutura, com mais de 400 detidos desde 2007, mais de cem apenas em 2010, e um assédio crescente na França e Portugal.

A ETA, sigla de "Euskadi ta askatasuna" ("Pátria Basca e liberdade"), foi fundada em 31 de julho de 1959 com o objetivo de buscar a independência do País Basco da Espanha e causou a morte de quase 900 pessoas, sendo a última o policial francês Jean-Serge Nerin, em 16 de março de 2010 na França. EFE/FOLHA