Irritado com a pergunta de um jornalista da Rádio Bandeirantes sobre sua aposentadoria, o senador Roberto Requião (PMDB-PR) arrancou o gravador das mãos dele e apagou o seu conteúdo.
Durante entrevista a um grupo de repórteres no Senado nesta segunda-feira, Requião se irritou quando o jornalista o questionou se abriria mão de sua aposentadoria como ex-governador do Paraná.
Requião não quis comentar o episódio, testemunhado por um grupo de repórteres, mas no microblog Twitter justificou a sua atitude.
"Acabo de ficar com o gravador de um provocador engraçadinho. Numa boa, vou deletá-lo".
Depois, em outro comentário, o senador ironiza o governador do Paraná, Beto Richa (PSDB).
"O repórter da Band queria saber da pensão da mãe do Beto Richa. Devia entrevistar o Beto, não a mim".
Por meio de uma secretária, Requião devolveu o gravador ao repórter, mas retirou o cartão de memória com o seu conteúdo.
O jornalista tentou registrar queixa por agressão na Polícia do Senado, mas o pedido foi recusado pelos policiais --que afirmam não poder registrar ocorrências contra parlamentares.
Como o Senado ainda não escolheu um novo corregedor (senador que investiga os demais parlamentares) desde a morte de Romeu Tuma, no ano passado, o repórter também não conseguiu encaminhar a reclamação para a Corregedoria da Casa.
Diante da negativa, o jornalista decidiu apresentar queixa formal contra o peemedebista para 1ª Delegacia de Polícia de Brasília.
O presidente do Comitê de Imprensa do Senado, Fábio Marçal, disse que vai encaminhar representação ao presidente da Casa, José Sarney (PMDB-AP), para reclamar do ocorrido.
"Ele vai à delegacia porque o presidente Sarney ainda não escolheu o novo corregedor. A Polícia do Senado não quis registrar queixa por se tratar de um senador", disse Marçal.
BRIGAS
Não é a primeira vez que Requião entra neste tipo de polêmica. Em setembro do ano passado, quando disputava a vaga ao Senado, ele foi agredido pelo então diretor comercial do porto de Paranaguá, João Batista Lopes dos Santos, em um restaurante.
Segundo Santos, Requião começou a ofender o então governador Orlando Pessuti (PMDB), seu antigo vice e responsável pela nomeação do diretor no porto.
Santos então devolveu as ofensas e começou a xingar o irmão de Requião, Eduardo, antigo secretário estadual dos Transportes e superintendente do porto, e em seguida deu dois tapas na cara de Requião.
Em julho de 2010, Requião também se envolveu em uma briga com o presidente estadual do PPS, Rubens Bueno, no aeroporto de Campo Mourão (459 km de Curitiba).
Na ocasião, Requião, por meio de sua assessoria, disse que houve um "agarra-agarra", enquanto Bueno afirmou que deu um soco no ex-governador.
À época, no seu Twitter, Requião ironizou o episódio e criticou Bueno. "Vou passar numa farmácia para me vacinar contra raiva de gata no cio".
APOSENTADORIA
A pergunta do jornalista da Band refere-se a pensão de R$ 24 mil mensais que Requião recebeu por ser ex-governador.
Na semana passada, o Tribunal de Justiça do Paraná revogou a decisão que garantia ao senador o recebimento da pensão.
No final de março, Beto Richa cancelou as aposentadorias de quatro ex-governadores --além de Requião, foram afetados Pessuti, Jaime Lerner e Mário Pereira.
Todos os quatro, porém, continuam recebendo o benefício porque recorreram da decisão do governo.
Ficaram mantidos os pagamentos a cinco ex-governadores e quatro viúvas que haviam obtido o benefício antes de 1988, o que inclui Arlete Richa, mãe de Beto Richa.
Em fevereiro, o governo do Paraná já havia cancelado o pagamento ao ex-governador e atual senador Alvaro Dias (PSDB), que exerceu o cargo entre 1987 e 1991. FOLHA