quarta-feira, 25 de maio de 2011

IOF maior já afetou gasto de turista e captações no exterior, diz Banco Central

O Banco Central avalia que as medidas anunciadas recentemente para frear os gastos de turistas e o endividamento de empresas e bancos no exterior já tiveram resultados.

No início do ano, o governo aumentou o IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) sobre gastos no cartão de crédito fora do país de 2,38% para 6,38%. Também elevou o mesmo tributo sobre captações de recursos no exterior de 2% para 6%.

A medida dos cartões começou a valer no dia 26 de abril, segundo o BC, mês em que o gasto dos turistas bateu recorde da série iniciada em 1947 (US$ 1,94 bilhão).

Dados parciais de maio mostram um gasto de US$ 1,24 bilhão até esta quarta-feira (25). Houve queda em relação a abril, mas o valor é recorde para meses de maio.

Tulio Maciel, chefe do Departamento Econômico do BC, disse que houve um "arrefecimento significativo" dos gastos em maio em relação a abril, mas lembrou que o mês anterior teve mais feriados do que o atual.

DÍVIDAS

Em relação às captações de empresas e bancos, afirmou que a medida do governo já gerou dois efeitos.

"O primeiro é a redução desses fluxos. O segundo, um aspecto benéfico, é o alongamento do perfil da dívida. Você está trocando dívida de curto prazo, de até um ano, por dívida de longo prazo", afirmou. "As captações de curto prazo estão zeradas nesse mês".

Dados do BC mostram que a entrada de dinheiro no país por esse canal passou de uma média mensal de US$ 8,5 bilhões no primeiro trimestre de 2011 para US$ 3,9 bilhões em abril e US$ 3,0 bilhões em maio.

Os empréstimos de longo prazo subiram de uma média de US$ 3,2 bilhões para US$ 7,4 bilhões e US$ 6,3 bilhões nos mesmos períodos.

Já os de curto prazo, que estavam em uma média de US$ 5,3 bilhões, estão agora negativos, ou seja, o pagamento de dívidas superou a obtenção de novos empréstimos em abril e maio em cerca de US$ 3,4 bilhões em cada mês.

O aumento do endividamento de bancos e empresas com por conta do dólar barato e dos juros baixos fora do país é uma das principais preocupações do governo. Além do risco cambial, há o problema de que esse dinheiro "barato" acaba anulando a política de aumento de juros no país para controlar a inflação.

Os recursos externos destinados a linhas de crédito cresceram 17% no quadrimestre em relação a dezembro, para o valor recorde de R$ 103 bilhões.

FOLHA