quinta-feira, 30 de junho de 2011

Rússia critica França por armar rebeldes líbios e pede detalhes

O governo russo criticou nesta quinta-feira a França por ter entregue armas aos rebeldes líbios e pediu que o governo francês forneça maiores detalhes sobre o assunto, incluindo uma posição oficial de Paris. Até o momento porta-vozes militares e o embaixador francês na ONU confirmaram a entrega de armamentos, mas não houve declarações do presidente Nicolas Sarkozy.

"Esperamos a resposta. Caso seja confirmado, seria um grave descumprimento da resolução 1970 da ONU (Organização das Nações Unidas), que foi aprovada por consenso", disse o chanceler russo, Serguei Lavrov.

A Rússia se absteve durante a votação no Conselho de Segurança da ONU que aprovou a implementação da zona de exclusão aérea sobre a Líbia como forma de proteger civis e vem reiterando reservas quanto ao uso da força no país.

No início do mês, Lavrov criticou as ações da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) ao dizer que "pela força não podemos fazer nada" e que o melhor seria travar um acordo para "edificar a nova Líbia".

OTAN

A Otan negou qualquer envolvimento com a operação francesa que levou armas para os rebeldes na Líbia.

O secretário-geral da aliança militar, Anders Fogh Rasmussen, disse ainda não ter informação sobre nenhum outro país que tenha dado armas aos insurgentes.

Rasmussen defendeu ainda que a Otan implementou de maneira bem sucedida a resolução do Conselho de Segurança da ONU, que determinou a intervenção militar estrangeira na Líbia para conter a repressão de civis comandada pelo ditador Muammar Gaddafi.

Questionado se o envio de armas seria uma violação, Rasmussen afirmou que cabe ao comitê de sanções da ONU definir.

ARMAS

A França foi o primeiro país da aliança a confirmar que enviou armas para os rebeldes líbios. O país, contudo, disse que não violou o embargo de armas da ONU, já que tais armas eram necessárias para proteger civis ameaçados.

Citando fontes não identificadas, o jornal "Le Figaro" disse nesta semana que a França usou neste mês paraquedas para jogar lançadores de foguetes, rifles de assalto, metralhadoras e mísseis antitanque para os rebeldes nas Montanhas Ocidentais da Líbia.


Um porta-voz militar francês confirmou esse relato, o que levou alguns diplomatas na ONU a questionarem se o envio de armas sem o consentimento do comitê de sanções do Conselho de Segurança não representaria uma violação ao embargo armamentista ora em vigor.

"Decidimos fornecer armas autodefensivas às populações civis porque consideramos que essas populações estavam sob ameaça", disse o embaixador francês nas Nações Unidas.

"Em circunstâncias excepcionais, não podemos implementar o parágrafo 9 quando se trata de proteger civis", disse Araud, referindo-se ao artigo da resolução 1.970 do Conselho de Segurança, adotada em fevereiro, que impôs um amplo embargo armamentista à Líbia.

FOLHA