Ana Paula Araújo chegou antes do horário combinado com a equipe do EXTRA na Confeitaria Colombo, no Centro do Rio. A pontualidade mais que britânica ocultava o desejo de devorar, longe dos flashes, uma simplória coxinha de galinha.
— Ai, não vou ficar bonita comendo coxinha de galinha na Colombo. Mas pode colocar que sou magra de ruim, porque eu como muito. Bato pratão, adoro salgadinho e fast food. Churrascaria é comigo mesmo — confessa a apresentadora e editora-executiva do "RJTV", que, educadamente, recusou o registro fotográfico da cena.
Elegância e competência, aliás, não faltam à jornalista de 39 anos, que substitui Fátima Bernardes, na bancada do "Jornal Nacional", nas folgas e férias da titular. Função que tira de letra por estar acostumada a fazer o "RJTV" ao vivo, sem teleprompter (monitor que exibe texto aos apresentadores):
— Apresentar o telejornal mais importante do país dá um friozinho na barriga. Não fico nervosa, e sim, emocionada. Nunca imaginei que um dia poderia chegar lá.
Ocupar aquele posto, ainda que eventualmente, foi o caminho natural para a jornalista carioca, que se consagrou ao conduzir a cobertura televisiva da invasão policial do Complexo do Alemão em novembro do ano passado.
— Foi o que coroou o meu trabalho e posso comemorar, porque foi bom para aqueles moradores também. Não teve matança — relembra ela, que foi moradora da Vila da Penha e tornou-se uma espécie de musa da Zona Norte: — Depois da retomada do Alemão, voltei lá duas vezes e fui muito bem recebida. Vi como consegui me tornar parte da vida dos moradores dali e eles da minha.
Aquele episódio reforçou a parceria entre ela e Rodrigo Pimentel, o ex-capitão do Batalhão de Operações Especiais (Bope) e comentarista de segurança da TV Globo.
— Rodrigo é muito engraçado. Por causa do tempo com os comentários, aquele homem que foi do Bope, todo valentão, tem que ficar ouvindo bronca minha. Lá dentro, sou eu que mando (risos) — brinca Ana Paula, incluindo na lista de seus comandados o doutor Luís Fernando Correia, responsável pelos comentários na área de saúde.
Para Erick Bretas, diretor de jornalismo-Rio, Ana Paula tem o pulso firme necessário à função.
— No Morro do Bumba, todo destruído (pelas chuvas), ancoramos o telejornal de lá. E ela começou a controlar o movimento das pessoas para que não passassem em frente à câmera. Uma hora que Ana já estava dando ordem para os soldados do Bope, que tentavam passar. Ela intimida, é um xerife (risos).
Mas a fama de mandona não diminui a boa relação com sua equipe. Foi de Rodrigo a ideia de fazer um banquete no aniversário dela, em 15 de abril.
— Eles compraram mil salgadinhos, sendo que 500 eram coxinha de galinha — revela a apresentadora, rindo.
Apesar da assumida gula, Ana Paula não é escrava de dietas. Faz musculação quando tem vontade. E sua boa forma não passa batida diante das mensagens que recebe dos telespectadores.
— Chegam muitos emails taradinhos nos dias em que estou de pernas de fora. Dizendo: "Adorei a saia da Ana Paula Araújo. Ah, mas ela também é ótima apresentadora" (risos). Na rua, às vezes, tem homem que diz que me acha linda, mas sempre com respeito — diz ela, que nega ter recebido convite para posar nua na "Playboy": — Foi uma brincadeira no Twitter. Nunca houve essa história e jornalista não tem dessas coisas, não.
Zeladora do Rio
O assédio é grande, mas os fãs gostam mesmo é de fazer Ana Paula de xerife da cidade. Um buraco na rua, falta d’água... de tudo o povo reclama com ela.
— Anoto sempre, dou atenção. A gente está aqui para isso mesmo — diz ela, que ao cobrir a visita do presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, na Cidade de Deus, acabou testando a própria popularidade: — Quando ele foi embora, fui cercada. Algumas pessoas vieram tirar foto, mas chegou tanta gente, tive que me esconder dentro do carro.
Excesso de carinho que vem ilustrar o sucesso da jornalista, que começou em 1991, na extinta TV Rio, hoje, Rede Record. Antes de se formar, foi até a emissora, pedindo ao diretor de jornalismo para fazer um teste de vídeo.
— Ele me deu a maior bronca, dizendo que estagiário não deve tomar lugar de profissional. Então pedi para ir acompanhando as equipes. Ele negou. Daí, disse: "Deixa eu servir um café, vai? Sirvo um café que é um espetáculo!" — confessa, rindo, sobre a bem-sucedida tática para ganhar o primeiro trabalho.
Correria diária
O dia de Ana Paula começa com um cumprimento animadíssimo e disposto da filha Melissa, de 5 anos.
— Ela é meu despertador, chega pulando em cima de mim, a levo na escola e vou para a emissora. Depois da primeira reunião de pauta, sigo para a chamada tenda dos milagres, onde a gente faz cabelo, maquiagem, escolho minha roupa — descreve ela, que, depois de se inteirar sobre as matérias a serem exibidas, pega três elevadores para chegar até o estúdio panorâmico do jornalístico: — Aquele visual é espetacular. Olho aquilo e me dá uma alegria, é outro astral. Às 12h45m, desço da minha torre da Rapunzel, e aí, em tese, acaba.
Teoria mesmo. Porque Ana Paula revê todo santo dia o telejornal que apresenta. Pelo celular, se mantém conectada com os acontecimentos que farão o noticiário de amanhã. E sente os efeitos da atribulada rotina...
— Recorri à homeopatia, porque uma noite eu durmo bem e na outra tenho problema de insônia — entrega.
Os compromissos, no entanto, não impedem que a Ana Paula exerça os papéis de mulher, mãe e amiga.
— Minhas paixões são minha filha e meu trabalho. Melissa me admira, mas gosta mesmo é de uma loja do Fashion Mall, com um carro dentro. Ela costuma dizer que quando crescer será a vendedora da loja do carro e fala: "mamãe, sei que eu vou conseguir".
S.O.S coração
Mas a porção de xerife está restrita ao telejornal. Como dona-de-casa, Ana Paula se define como uma derrota.
— Não sei cozinhar, não resolvo nada. Mas sempre dou atenção aos meus amigos, lembro dos aniversários. Sou ótima conselheira amorosa, quase um SOS. Só na minha vida não resolvo muita coisa — conta ela, sempre vista na companhia da atriz Nívea Stelmann.
A notícia que pode mesmo interessar ao séquito cada vez maior de fãs é que Ana Paula está solteira, após o fim do casamento com o empresário Christiano Londres.
— Estou bem, tranquila. Sempre saio com a Melissa. Meus programas são teatrinho, festa de criança, ir à Lagoa e rever amigos que têm filhos pequenos.
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