O governo da Coreia do Sul apelou às fabricantes sul-coreanas Samsung e LG para que elas se unam às autoridades em um consórcio que desenvolveria um sistema operacional para celulares.
O movimento é um claro sinal de que Seul está preocupada com a possibilidade de que a aquisição da Motorola Mobility pelo Google represente uma ameaça em longo prazo a duas das maiores empresas do país.
A Samsung e a LG ocupam respectivamente a segunda e a terceira posição no ranking mundial de fabricantes de celulares, mas o software que elas usam é bem pior do que seu hardware.
Os celulares inteligentes de maior sucesso das duas companhias dependem do sistema operacional do Google, o Android.
A Coreia do Sul admitiu que pode ser estrategicamente perigoso continuar dependendo do Google para software enquanto a empresa desenvolve sua capacidade de produzir hardware, o ponto forte da economia sul-coreana.
Desde a aquisição, surgiram temores de que uma integração mais estreita do Android aos aparelhos móveis da Motorola crie um concorrente mais forte para os demais usuários do sistema, como a Samsung e a LG. O Google insiste em que continuará cooperando com os fabricantes independentes de celulares que usam o Android.
O Ministério de Economia do Conhecimento da Coreia do Sul anunciou na quarta-feira que detalharia seu plano em outubro.
As autoridades convidaram a Samsung e a LG para participar, mas disseram que empresas pequenas e médias de tecnologia da informação teriam 50% de participação no consórcio.
CONCORRER COM GOOGLE
Embora o ministério ainda não tenha decidido sobre a natureza do sistema operacional a ser desenvolvido, disse desejar alguma coisa que, no futuro, possa concorrer com o Google Chrome.
O governo também está considerando um sistema de computação em nuvem que permitiria compartilhamento de dados por meio de celulares inteligentes, computadores de mesa e laptops.
A Samsung se recusou a comentar sobre o plano do governo, afirmando que este ainda estava em "estágio inicial". A LG, por sua vez, se declarou "disposta a ouvir" as ideias do governo.
Tradução de PAULO MIGLIACCI
FOLHA