segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Philip Glass traz ao Brasil nova fronteira de sua obra


Philip Glass, hoje aos 74, é o compositor vivo de música clássica mais famoso dos Estados Unidos. E não só por suas 20 óperas, dez sinfonias e numerosos concertos.

Suas mais de 30 trilhas sonoras para filmes (como "As Horas", de 2002, e "Kundun", de 97) e a parceria com artistas como David Bowie o alçaram ao status de celebridade.

"Nunca fiz distinção entre arte erudita e pop. O talento não depende de gênero", disse, em entrevista à Folha.

"Em termos de expressão, Paul Simon ou David Bowie são compositores tão importantes como Richard Strauss".

Glass vem ao Brasil apresentar uma de suas mais recentes composições - uma peça para violino solo que será interpretada pelo jovem e incensado Tim Fain.


Serão apenas os dois no palco; ao piano, Glass acompanha Fain em outras peças, além de tocar em solo.

Alex Ross, crítico musical da revista "The New Yorker" e autor de "O Resto é Ruído" (publicado no Brasil pela Companhia das Letras) identifica em Glass uma assinatura própria.

Essa marca poderia estar nos arpejos e progressões que remetem ao minimalismo, mas que chegam a assumir contornos hipnóticos.

Ou espirituais, já que o próprio compositor se define como um "judeu-taoísta-hindu-tolteca-budista" - nesta ordem. (Glass é vegetariano desde os 20 e pratica ioga)

Mas, ainda segundo Ross, existe uma controvérsia com relação à obra de Glass. "Ele escreve mais rápido do que somos capazes de escutá-lo. Ele acabou gerando centenas de obras intercambiáveis. Há pérolas, mas é preciso saber separá-las".

Glass diz compor da hora que acorda até a hora de dormir. "Sempre fiz muito trabalho colaborativo - isso não mudou. Dança, poesia, teatro, artes plásticas. Meu processo tem muito do mundo da performance".

Ele já trabalhou com o encenador Bob Wilson, o poeta Allen Ginsberg e o citarista Ravi Shankar, que coloca como uma de suas principais influências, ao lado da legendária Nadia Boulanger (que foi sua professora) e do compositor moderno John Cage.

A obra de Glass vive um ciclo de renascimento. Muitos dos que consideravam esgotado seu potencial criativo a partir dos anos 80 estão enxergando nos seus trabalhos recentes um grau de inovação extraordinário.

Os solos de "Book of Longing", peça baseada em texto de Leonard Cohen, e a atmosfera de "noite sem fim" de sua oitava sinfonia são citados por Ross. Glass reconhece o momento: "Se você já tinha familiaridade com minha música, ela agora se abre para outras portas".

Glass também é conhecido por patrocinar uma entidade de apoio a jovens compositores. 

"Quem escreve no papel, como eu, está morrendo. Hoje se compõe música no computador. E, como o modo de construir música é diferente, a música será diferente".

Foram muitas as parcerias que Glass já fez no Brasil - a mais recente, com o artista plástico Carlito Carvalhosa.

No momento, conversa com os mineiros do Uakti para a concepção de um segundo disco conjunto. "A música brasileira é mais desenvolvida que a do resto do mundo, pois une o talento da letra poética com a harmonia musical num único trilho".

Philip glass e Tim Fain


QUANDO 10/9, em Olinda; 13/9 e 14/9, em São Paulo


ONDE Igreja da Sé (Olinda) e Sala São Paulo (pça. Júlio Prestes, s/nº; tel 0/xx/11/3223-3966)


QUANTO de R$ 90 a R$ 290

CLASSIFICAÇÃO livre

FOLHA