domingo, 25 de setembro de 2011

Plano de estímulo criou poucas vagas nos EUA


Quase metade dos trabalhadores contratados por empresas que receberam recursos do governo americano para gerar vagas depois da crise de 2008 já estavam empregados em outras companhias.

Essa é a conclusão de um estudo concluído por pesquisadores do Mercatus Center, ligado à universidade americana George Mason.

Foram entrevistados 1.300 gerentes e demais funcionários de empresas, organizações não governamentais e governos locais que tinham recebido recursos do pacote fiscal de US$ 787 bilhões, adotado em 2009.

O objetivo do plano do governo americano era conter o desemprego depois do estouro da crise. Mas, segundo a pesquisa, o resultado do pacote deixou a desejar.

A fatia de trabalhadores contratados que estavam desempregados foi de 42,1%, menor do que os 47,3% que vieram de outros empregos.

Segundo Garett Jones, um dos autores do estudo, esse cenário é mais compatível com o que ocorre em períodos de normalidade econômica do que com momentos de recessão.

"Em tempos econômicos normais, cerca de metade das contratações são de pessoas que vieram de outro trabalho. Em uma recessão, esse número encolhe porque as empresas contratam mais desempregados", disse Jones.

Segundo ele, empresas e organizações beneficiadas pelo pacote americano tiveram dificuldade em contratar porque o estímulo foi voltado para trabalhadores mais qualificados.

Entre os contratados por meio do programa, 40% disseram estar ganhando mais do que em seu último emprego. Outros 40% afirmaram que sua remuneração se manteve igual e apenas 20% passaram a ganhar menos.

DIRECIONAMENTO

De acordo com o estudo, as vagas criadas com recursos do pacote de estímulo normalmente exigiam o pagamento de salários equivalentes aos valores negociados por sindicatos.

"O governo poderia ter direcionado o estímulo principalmente para setores do mercado de trabalho nos quais fosse mais fácil contratar", afirmou Jones.

Segundo os autores do estudo, os resultados não permitem concluir que o pacote do governo fracassou ou foi bem-sucedido, mas mostram que expectativas de economistas chamados keynesianos eram muito otimistas.

Os economistas dessa linha (seguidores do inglês John Maynard Keynes) defendem a ideia de que despesas públicas, em períodos de recessão, têm um forte efeito multiplicador. Ou seja, cada dólar gasto pelo governo resulta em um dólar ou mais gastos pelo setor privado.

Jones diz que estudos recentes mostram que o efeito multiplicador é menor do que o estimado por keynesianos. E acrescenta que sua pesquisa ajuda a comprovar isso.

Jones é mais otimista em relação ao novo plano de geração de emprego anunciado recentemente pelo governo Obama. Ele ressalta que, de acordo com o que foi anunciado, os gastos do governo serão destinados para obras de infraestrutura que tendem a demandar mão de obra pouco qualificada:

"Não devemos esperar milagres de gastos de curto prazo do governo. Mas, em alguns aspectos, esse plano de gastos representa um avanço em relação ao anterior".

FOLHA