domingo, 30 de outubro de 2011

Irlanda oficializa vitória do trabalhista Higgins em eleições

O trabalhista Michael D. Higgins foi proclamado oficialmente neste sábado vencedor das eleições presidenciais irlandesas, depois de dois dias de contagem de votos, confirmando sua surpreendente vitória sobre o candidato favorito, o independente Sean Gallagher.

Segundo os números oficiais, o "sociólogo, político e poeta" como se define, obteve 1.007.104 votos, ultrapassando amplamente os 885.882 necessários para conquistar a maioria (50% + 1) no complexo sistema eleitoral irlandês.

"Estou realmente contente com esta ampla vitória", declarou Michael D. Higgins, o mais velho (70 anos) dos 17 candidatos que se apresentaram à sucessão de Mary McAleese, que permaneceu no cargo durante 14 anos. "Isto me permitirá ser o presidente de todos", afirmou.

A vitória de Higgins já era certa desde sexta-feira, quando seus dois principais adversários, Gallagher e Martin McGuinness (vice-primeiro-ministro norte-irlandês) reconheceram a derrota.

A rádio televisão pública irlandesa RTÉ e o Partido Trabalhista já tinham anunciado no meio do dia que Higgins, favorito das casas de apostas, se encaminhava para uma vitória segura.

"Pouco depois de abertas as urnas, viu-se claramente que Michael D. Higgins estava muito à frente e que não havia dúvidas sobre o desenlace", noticiou a RTÉ, quatro horas depois do início da contagem.

Na mesma hora, o vice-premier irlandês, Eamon Gilmore, publicou um comunicado para "cumprimentar Michael D. por esta conquista". "Estou realmente feliz por ele".

Higgins, ex-ministro de Cultura, ex-deputado e poeta, defendeu ao longo de sua carreira a justiça, a paz e outros temas humanitários em várias partes do mundo, inclusive em países latino-americanos como Chile, Nicarágua, El Salvador e Colômbia, onde, no ano passado, fraturou um joelho durante missão com uma organização humanitária.

Higgins era só o segundo candidato mais bem colocado nas pesquisas. Na última consulta, publicada na segunda-feira passada, ele tinha apenas 25% das intenções de voto contra 40% para o independente Gallagher.

Mas o então favorito das pesquisas se envolveu nos últimos dias em uma polêmica com McGuinness. O vice-primeiro-ministro norte-irlandês e ex-líder do hoje inativo Exército Republicano Irlandês (IRA), o acusou de ter recebido 5.000 euros (US$ 7.000) de um empresário condenado por contrabando para financiar o partido de oposição Fianna Fáil, do qual Gallagher afirma ter sido "membro esporádico". O candidato negou a denúncia categoricamente.

O Fianna Fáil foi tirado do poder nas eleições gerais de fevereiro passado, que conduziram a um governo de coalizão entre o Fine Gael, do premier Enda Kenny, e os trabalhistas de Gilmore.

Embora se trate de um cargo essencialmente representativo, o nono presidente irlandês assumirá o posto em um contexto difícil, quase um anos depois de o país ter que aceitar um plano de resgate de 85 bilhões de euros da União Europeia e do FMI (Fundo Monetário Internacional) em troca de medidas drásticas de ajuste.

FRANCE PRESS/FOLHA