quinta-feira, 10 de novembro de 2011

Nobel da Paz lidera contagem de votos na Libéria

A presidente da Libéria e Nobel da Paz, Ellen Johnson-Sirleaf, lidera a contagem de votos com 90,8%, de acordo com os resultados parciais do segundo turno da eleição presidencial no país.

O pleito, realizado na terça-feira (8), teve o maior boicote já registrado no país, segundo informou a comissão eleitoral nesta terça-feira.

A comissão informou que os resultados são baseados na apuração de 86% dos postos de votação do país, e que o comparecimento às urnas foi de 37,4%.

Na quarta-feira, o principal candidato de oposição da Libéria, Winston Tubman, disse que poderia pedir a anulação da eleição presidencial, boicotada por seus partidários, aumentando a perspectiva de um confronto em um país que ainda se recupera de uma guerra civil.

Muitos liberianos ficaram em casa durante a votação de terça-feira, seja por medo de uma repetição da violência relacionada com as eleições do início desta semana ou obedecendo a uma convocação de boicote feita por Tubman, principal rival da presidente Ellen Johnson-Sirleaf.

Tubman alegou que houve fraude no primeiro turno da eleição no mês passado, no qual a recém agraciada pelo Prêmio Nobel da Paz obteve uma vantagem de 11 pontos.

"Nós não vamos aceitar o resultado. Dissemos a eles que não íamos votar e eles foram adiante e colocaram nossas fotos nas cédulas. Não só as pessoas do CDC (o partido de Tubman, de oposição) boicotaram, mas muitos liberianos nos ouviram", disse nesta quarta-feira Tubman, que foi um importante assessor do ex-secretário-geral da ONU Kofi Annan.

Essa foi a primeira eleição presidencial organizada localmente na Libéria desde 2003, quando se encerraram 14 anos de confrontos que mataram quase 250 mil pessoas. A ONU promoveu uma votação em 2005 que também terminou em controvérsia.

A Libéria quer usar a sua riqueza em ferro e outros recursos para se reconstruir. Críticos de Ellen, a primeira mulher livremente eleita chefe de Estado na África, afirmam que o progresso em seu primeiro mandato foi muito lento.

BOICOTE

Uma organização que monitora a eleição, o Instituto Democrático da Libéria, disse na terça-feira que o comparecimento para votar pode ter sido de 25% a 35% dos eleitores, menos da metade dos 71% registrados no primeiro turno, quando os liberianos fizeram fila nas seções eleitorais.

Uma presença tão baixa pode minar a autoridade da presidente em um segundo mandato e até fazer com que ela abra o diálogo com Tubman, avaliaram analistas.

Ellen obteve quase 44% dos votos no primeiro turno, em 11 de outubro, enquanto Tubman teve 33%, mas saiu da disputa do segundo turno na semana passada e convocou o boicote.

Tubman havia dito que ele só estaria disposto a participar do segundo turno se fosse adiado em duas ou quarto semanas e se os procedimentos de contagem fossem mudados. Agora ele diz considerar uma forma legal de anular os resultados do segundo turno.

Observadores eleitorais internacionais consideraram a votação de 11 de outubro em sua maior parte livre e justa. Os Estados Unidos, as Nações Unidas, a Comunidade Econômica dos Estados da África Ocidental e a União Africana criticaram a decisão de Tubman de boicotar o segundo turno.

REUTERS/FOLHA