Soldados da tropa de choque usaram jatos d'água nesta quinta-feira para dispersar manifestantes em frente ao Parlamento da Coreia do Sul, onde cerca de 2.000 pessoas se reuniram para protestar contra um acordo comercial com os Estados Unidos.
Dentro do prédio, membros de um pequeno partido de esquerda se entrincheiraram no plenário de uma comissão para tentar obstruir o debate em torno do acordo de livre comércio, já sancionado pelos EUA.
Alguns estudos dizem que o acordo pode elevar em até 25% o comércio bilateral entre EUA e Coreia do Sul, que hoje alcança US$ 67 bilhões. A aprovação no Parlamento sul-coreano era considerada um mero trâmite, já que o partido governista GPN (Grande Partido Nacional) tem maioria.
A oposição, por sua vez, animada por uma ampla vitória em uma eleição suplementar em Seul na semana passada, mostrou sua força e exigiu mudanças no tratado, alegando que ele estava distorcido em favor dos EUA.
O GPN havia estabelecido a data de 1º de novembro como prazo da aprovação, para que o tratado entre em vigor no começo de 2012. No entanto, a votação continuava obstruída na quinta-feira, e o governo tem receio de impor sua maioria e acabar sendo prejudicado nas eleições do ano que vem.
Os governistas criticam o Partido Democrático, o maior da oposição, por tentar obstruir um acordo que foi negociado e assinado quando ele estava no governo, em 2007. Sohn Hak-kyu, líder do partido, afirmou que não irá recuar enquanto o projeto não for revisto para corrigir desequilíbrios.
"Se o governo tentar forçar a aprovação da lei de livre comércio, vamos lutar para obstruí-la até o final", disse Sohn numa reunião com parlamentares e líderes da sociedade civil contrários ao tratado.
Apesar de mudanças que permitem uma maior presença do setor automobilístico dos EUA na Coreia do Sul, as fábricas sul-coreanas têm a ganhar com um maior acesso ao mercado norte-americano.
O setor agrícola dos EUA também deve ser beneficiado com o acordo, aumentando em 1,8 bilhão de dólares por ano suas exportações para a Coreia do Sul.
Esse é o maior acordo comercial dos EUA desde 1994, quando entrou em vigor o Nafta (Acordo de Livre Comércio da América do Norte).
REUTERS/FOLHA
