quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

Americanos baixam bandeira em Bagdá, pondo fim à guerra no Iraque


Militares desceram a bandeira dos Estados Unidos da haste e a enrolaram em um tecido, fechando o quartel-general do Exército americanos em Bagdá de acordo com as tradições. Assim foi encerrada oficialmente nesta quinta-feira a guerra no Iraque, após quase nove anos de presença das tropas americanas no país.

Com a participação do secretário de Defesa dos Estados Unidos, Leon Panetta, o encerramento se dá duas semanas antes do prazo programado no acordo de segurança assinado entre os governos dos EUA e do Iraque em 2008.

O documento estipulava que as tropas estrangeiras deveriam deixar o país do Oriente Médio até o dia 31 de dezembro deste ano. Os soldados chegaram no país em março de 2003. A data da cerimônia foi mantida em segredo durante semanas para evitar que insurgentes ou milícias pudessem planejar um ataque.
Em seu discurso na cerimônia no aeroporto internacional de Bagdá, Panetta afirmou que os veteranos que fizeram parte dos quase nove anos de conflito poderiam estar certos de que o "sacrifício que fizeram ajudou o povo iraquiano a colocar a tirania de lado".

"Depois de muito sangue derramado por iraquianos e americanos, a missão de um Iraque que pudesse se governar e garantir a própria segurança se concretizou", ressaltou. "Certamente, o custo foi alto - em mortes e em dinheiro para os Estados Unidos e para o povo iraquiano. Essas vidas não se perderam em vão".

O secretário de Defesa dos EUA homenageou o embaixador no país, James Jeffrey, e o general Lloyd Austin, comandante das forças americanas, por supervisionarem a rápida retirada de 50 mil soldados nos últimos meses e o fechamento de dezenas de bases militares.

Um tributo especial foi feito, porém, aos mais de um milhão de soldados que serviram no Iraque desde 2003, incluindo cerca de 4.400 mortos e mais 30 mil feridos em combate.
"Vocês fizeram tudo que sua nação lhes pediu e ainda mais", afirmou. "Vocês não sabiam se voltariam para as pessoas que amam. Vocês partem com um grande orgulho, certos de que seu sacrifício ajudou a população iraquiana a começar um novo capítulo em sua história, livre da tirania".

PRESENÇA MILITAR

Com o fechamento do quartel-general do Exército americano em Bagdá, é colocado um fim definitivo na presença militar americana no país. As últimas tropas serão retiradas após quase nove anos desde a invasão que derrubou Saddam Hussein.

Apenas cerca de 4.000 soldados americanos permanecem no Iraque e devem se retirar até 31 de dezembro, deixando um país que ainda enfrenta uma insurgência enfraquecida, mas persistente, e incertezas políticas.


Comandantes do Exército americano decidiram sair antes do local por acreditarem que não havia necessidade de manter as tropas mais tempos no Iraque, inclusive durante as festividades de fim de ano, uma vez que as conversas sobre manter parte dos soldados falharam.

Os EUA queriam inicialmente que 40 mil americanos continuassem em território iraquiano trabalhando no treinamento de forças nacionais e ajudando na segurança local, plano que não se concretizará pela ausência de acordo entre os governos sobre o tema.

Segundo a imprensa americana, apenas 150 soldados devem permanecer no país necessários para proteger o complexo da embaixada americana em Bagdá e seus funcionários e diplomatas.

OBAMA

Dar fim à guerra foi uma das promessas que ajudaram Barack Obama a chegar à Presidência em 2008, e permite que a Casa Branca foque no Afeganistão e na crise econômica doméstica. No entanto, críticos acusam Obama de usar o fim da guerra para dar força à sua campanha para a reeleição em 2012.


Obama disse na quarta-feira que os Estados Unidos devem "aprender as lições da guerra" que lançaram no Iraque. Segundo ele, o conflito custou mais de US$ 1 trilhão. No entanto, ele afirmou, ao mesmo tempo, que houve "feitos extraordinários", durante ato em homenagem aos combatentes.

Marcando o final da retirada das tropas americanas no país árabe, Obama lembrou o "pesado custo" da guerra e disse que os americanos devem "aprender as lições" do conflito, que gerou divisões no mundo inteiro. O presidente deu as boas-vindas à parte dos soldados que voltaram do Iraque.

Falando aos soldados em Fort Bragg, na Carolina do Norte, Obama afirmou que desejava marcar "o momento histórico para o país e o Exército".

"Como seu comandante e em nome da nação, estou orgulhoso de finalmente dizer essas palavras: Bem-vindos de volta, bem-vindos de volta", disse o presidente a milhares de homens aglomerados em um hangar.

Obama disse ainda que "o futuro do Iraque ficará agora nas mãos de seu povo", lembrando que se trata do "fim de uma guerra que durou muito tempo", e que herdou de seu predecesor na Casa Branca, George W. Bush.

FOLHA