Subiu para seis o número de mortos em um tiroteio na cidade belga de Liège nesta terça-feira e há registro de ao menos 123 feridos.
O ataque foi realizado por um único indivíduo, segundo informou o centro de crises do país, responsável pela investigação do caso, descartando que se trate de um atentado terrorista.
Entre os mortos, estão uma mulher de 75 anos, dois adolescentes de 15 e 17 anos que estavam voltando de exames escolares, além do próprio autor do ataque, identificado pelas autoridades como Nordine Amrani, 33, disse a porta-voz da procuradoria federal, Danièle Reynders, durante uma coletiva de imprensa.
As duas vítimas mais recentes são um jovem de 20 anos e uma criança de 23 meses, que não resistiram aos ferimentos.
Os incidentes ocorreram por volta das 12h (horário local) na praça Saint-Lambert, a principal da cidade, onde está situado o Palácio de Justiça e perto de um mercado popular.
Segundo testemunhas citados pela imprensa local, o autor dos ataques lançou quatro granadas e abriu fogo com um fuzil kalashnikov em direção às pessoas que estavam em uma estação de ônibus na praça central da cidade.
Há relatos não confirmados de que Amrani teria dado um tiro em sua cabeça após lançar os explosivos na praça.
Nordine Amrani já era conhecido da polícia belga. Em setembro de 2008, ele foi condenado a 58 meses de prisão por associação criminosa, por posse ilegal de armas e plantação de 2.800 pés de maconha.
Seu carro foi encontrado na praça Saint-Lambert e será inspecionado por artífices da polícia belga.
"É muito difícil determinar as razões do ataque, mas estamos investigando todas as possibilidades", afirmou Benoit Ramacker, do centro de crises do país.
Algumas informações não confirmadas apontaram que se tratou de uma tentativa frustrada de resgatar um suspeito do tribunal.
Houve muita confusão inicial com relação ao ocorrido, com informações de que havia mais de um atirador. Relatos apontavam que dois ou três atiradores armados com granadas estavam envolvidos.
"Ouvimos dois ruídos ensurdecedores e então muitas explosões, as pessoas corriam para todos os lados", uma padeira que se identificou como Patrícia afirmou à emissora RTL-TV. "Fechamos a porta, desligamos as luzes e nos escondemos atrás do balcão com os clientes".
O jornalista Nicolas Gilenne afirmou que havia acabado de sair do tribunal de Justiça, onde cobria um julgamento, quando o ataque começou.
"Vi um homem acenar com o braço e lançar algo para o ponto de ônibus.
Ouvi uma explosão. Ele se virou, pegou mais alguma coisa, puxou o pino. Comecei a correr. Ele estava sozinho e parecia estar controlado", diz o jornalista.
"Ele queria machucar o máximo de pessoas possível. Ouvi quatro explosões e tiros por cerca de dez segundos", completou.
A ministra belga do Interior, Joëlle Milquet, afirmou que se trata de um ato isolado de consequências dramáticas, mas que não há informações que confirmem uma ligação com atos de terrorismo.
Milquet se disse "profundamente chocada pela brutalidade dos fatos" e expressou "toda sua compaixão aos numerosos feridos, seus pensamentos às vítimas e seus agradecimentos aos serviços de segurança e de ordem".
O primeiro-ministro belga, Elio Di Rupo, disse ter recebido a notícia "com alarde" e afirmou seus pesares às vítimas, a seus familiares e entes queridos, bem como todos os cidadãos de Liège.
Após o ataque, Milquete e Di Rupo interromperam reuniões com a União Europeia e se dirigiram a Liège.
Após o incidente, a polícia isolou a área e está no local para investigar o caso. A agência de notícias Belga afirmou que diversos objetos "suspeitos" foram encontrados na praça e que especialistas em desarmamento de bombas estão a caminho.
As autoridades belgas pediram que os ônibus deixem de circular pelo centro da cidade, bem como recomendou aos moradores que permaneçam em casa ou procurem abrigos seguros, como prédios públicos.
FOLHA