terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Consórcio responsável por Belo Monte demite mais 80 operários


Disputas por questões trabalhistas provocaram demissões e podem afetar o andamento das obras da usina hidrelétrica de Belo Monte (oeste do Pará). Uma nova onda de demissões ontem causou a saída de 80 trabalhadores.

O Movimento Xingu Vivo, que é contra a usina, afirma que parte dos profissionais demitidos estava envolvida com protestos por melhores condições de trabalho.

O CCBM (Consórcio Construtor de Belo Monte) disse que as dispensas ocorreram por motivos operacionais.

Em novembro, ocorreram duas paralisações e a demissão de outros 150 trabalhadores da obra da usina.

Quando ocorrem as paralisações, o próprio consórcio decide suspender as obras para evitar conflito.

O principal foco das agitações trabalhistas é o canteiro de obras conhecido como sítio Belo Monte, em Vitória do Xingu (a 945 km de Belém).

Lá, onde ocorreram as 230 demissões, há cerca de 1.800 trabalhadores. Ao todo, cerca de 5.000 pessoas trabalham nas obras de construção da hidrelétrica.

RECLAMAÇÕES

Diversos têm sido os motivos dos protestos, desde reajustes salariais até a diminuição dos períodos em que os profissionais são liberados para visitar suas famílias em outros Estados (o que é conhecido como baixada).

Uma das principais queixas dos trabalhadores é o desvio de função. 

Reclamam que são contratados para um cargo e recebem ordens para executar serviços fora das atribuições desse cargo.

"Estão colocando pedreiros para trabalhar em serviços gerais", afirmou à Folha o pedreiro José Antônio Cardoso quando foi demitido, na metade do mês passado.

OUTRO LADO

Os protestos foram mais intensos em novembro porque no final do ano ocorrem as negociações salariais.

Para o CCBM, as disputas trabalhistas foram resolvidas após o acordo coletivo firmado no início deste mês. O consórcio argumenta, por exemplo, que já houve até o adiantamento do 13º salário.

O consórcio afirmou que não ocorrem desvios de função e que, devido ao porte da obra, há uma fiscalização rigorosa por parte dos agentes públicos e uma preocupação com as exigências legais.

Informou ainda que o cronograma da obra está adiantado e que, portanto, paralisações ainda não foram significativas para provocar a perda de prazos.

FOLHA