A Coreia do Norte advertiu nesta sexta-feira por meio de um comunicado oficial que não haverá mudanças políticas no país após a morte do ditador Kim Jong-il e a ascensão de seu filho mais novo, Kim Jong-un, como sucessor.
"Declaramos de forma solene e com orgulho aos responsáveis políticos 'estúpidos' do mundo, entre ele os fantoches da Coreia do Sul, que não esperem a mínima mudança de nossa parte", informou em um comunicado a Comissão de Defesa Nacional, o mais alto órgão do Exército do país.
Pyongyang também descartou qualquer possibilidade de diálogo com o atual governo sul-coreano. "Como já dissemos, seguimos negando o estabelecimento de vínculos com o traidor Lee Myung-bak (presidente da Coreia do Sul) e seu grupo", acrescenta a nota.
Na quinta-feira Kim Jong-un foi nomeado "líder supremo" da nação. Ele assume o lugar deixado por seu pai, Kim Jong-il, que morreu no dia 17 de dezembro, vítima de um ataque cardíaco.
"O respeitado camarada Kim Jong-un é o líder supremo de nosso partido e do Exército, herdou a inteligência, a capacidade de comando, o caráter, o senso moral e o valor de Kim Jong-il", declarou na última quinta-feira o presidente da Assembleia Popular, Kim Yong-nam, em discurso pronunciado para dezenas de milhares de soldados na praça Kim Il-sung em ocasião do funeral de Kim Jong-il.
O comunicado desta sexta-feira é o primeiro emitido pela Coreia do Norte após os 13 dias de luto decretados por Pyongyang após a morte de seu líder, e segundo a agência sul-coreana Yonhap, pode representar a futura orientação política do regime em relação ao país vizinho e a comunidade internacional.
O REGIME
As Forças Armadas norte-coreanas contam com 1,2 milhão de oficiais, em uma população total de 24 milhões de habitantes. Os militares têm vantagens sobre os civis em termos de alimentos, energia elétrica e material, em um país que enfrenta escassez de produtos de primeira necessidade.
O outro principal centro de poder é o Partido dos Trabalhadores da Coreia, o único do país.
O jovem Kim Jong-un, com menos de 30 anos, perpetua a dinastia iniciada por seu avô, Kim Il-sung, fundador da Coreia do Norte comunista e que foi sucedido por Kim Jong-il em 1994, que comandou o país com mão de ferro.
Usando os mesmos instrumentos de propaganda do pai e enviando para campos de trabalho forçado dezenas de milhares de opositores reais ou imaginários, Kim Jong-il conseguiu salvaguardar o regime, mas terríveis episódios de fome mataram centenas de milhares de norte-coreanos nos anos 1990.
Durante seu regime, o país produziu a bomba atômica. Por este motivo, a estabilidade da Coreia do Norte inquieta as potências regionais.
Coreia do Sul, Estados Unidos, China e Japão intensificaram as consultas diplomáticas para evitar que uma mudança de governo na Coreia do Norte deixe a península coreana em pé de guerra.
FOLHA