terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Em Nova York, acusado de queimar mulher viva em elevador é detido


Jerome Isaac entrou no tribunal algemado, usando macacão branco e ostentando o que pareciam ser os efeitos de um crime horrendo. Manchas vermelhas e brilhantes cobriam seu rosto e pescoço; seus lábios e olho esquerdo estavam fortemente inchados.

O promotor Kenneth M. Taub disse na segunda-feira que os ferimentos eram evidências do papel exercido por Isaac em um dos assassinatos mais brutais da história recente de Nova York: a imolação proposital de Deloris Gillespie, 73 anos, no elevador do edifício em que ela vivia, no Brooklyn.

Na audiência de acusação na Corte Criminal do Brooklyn, Isaac recebeu ordem de ficar detido sem direito a liberdade sob fiança. Ele ficou calado durante o procedimento, e seu advogado, indicado pelo tribunal, disse pouco mais.

Taub disse que, embora Isaac nunca antes tivesse sido acusado de um crime, "a depravação desse ato único é algo que supera minha capacidade de descrição".

Na tarde de sábado, duas câmeras de vigilância captaram um homem, que as autoridades acreditam ser Isaac, encurralando Gillespie quando ela estava prestes a sair do elevador no quinto andar do prédio.

Vestido como exterminador de pragas, usando máscara protetora e luvas brancas e carregando um tanque de combustível, o homem encharcou Gillespie de gasolina e ateou fogo a ela com um coquetel Molotov, segundo a polícia. Ela foi pronunciada morta no local.

Taub disse que as provas da culpa de Isaac, boa parte delas contidas no vídeo de vigilância, são "avassaladoras". A identidade de Isaac "é completamente óbvia", disse ele.

Amigos e familiares de Gillespie disseram que Isaac, 47 anos, que era visto com frequência no bairro recolhendo latas e garrafas, tinha trabalhado para Gillespie, ajudando a retirar entulho de seu apartamento.

De acordo com parentes de Gillespie, que era funcionária dos Correios e prestava assistência a sem-tetos do bairro, ela começou a desconfiar que Isaac estivesse roubando dela, por isso o demitiu. Isaac então começou a assediá-la, pedindo pagamento.

Isaac se entregou às autoridades na manhã do domingo. Disse à polícia acreditar que tinha sofrido queimaduras fazendo uma fogueira em seu próprio prédio, nas proximidades do de Gillespie.

Ele está sendo acusado de homicídio doloso e homicídio doloso com agravantes, além de incêndio criminoso com agravantes.

Em entrevista coletiva dada após a audiência, a vereadora Letitia James, que representa o distrito em que Gillespie residia, disse que a família da mulher assassinada pediu que os promotores não oferecessem nenhum acordo judicial nesse caso. "A família está pedindo que Isaac seja julgado e sentenciado à pena máxima prevista em lei", disse a vereadora. "Isso inclui uma sentença de prisão perpétua".

James disse ainda que os familiares de Gillespie pretendem revistar o apartamento dela, em busca de cartas que descrevam como ela foi assediada e ameaçada por Isaac.

A vereadora não conhecia os detalhes dessas cartas, mas disse que Gillespie as havia enviado às autoridades. Gillespie não teria conseguido obter uma ordem de proteção contra Isaac porque só o conhecia por apelidos.

THE NEW YORK TIMES/FOLHA