sábado, 17 de dezembro de 2011

Militares brasileiros no Haiti são acusados de agressão


O ministro da Defesa, Celso Amorim, afirmou ontem, em evento no Rio, que a missão de paz da ONU no Haiti (Minustah) investiga denúncia de que soldados brasileiros teriam espancado jovens haitianos.

O Brasil comanda a força militar no país caribenho, com 2.186 homens de um efetivo total de 12.552.

O caso foi divulgado pela imprensa local e se baseia no relato da ONG RNDDH (Rede Nacional de Defesa dos Direitos Humanos).

A ONG diz ter recebido em 14 de dezembro denúncia de que três haitianos, de 19, 20 e 29 anos, teriam sido "selvagemente agredidos" por oito brasileiros da Minustah na madrugada anterior.

Segundo a ONG, os jovens faziam entregas de água em bairros da capital, Porto Príncipe, quando o caminhão que utilizavam para o transporte quebrou, durante a tarde, na favela Cité Soleil. Após tentativas fracassadas de conserto, teriam decidido ficar de guarda durante a noite.

Ainda de acordo com a ONG, às 3h, soldados brasileiros da missão em patrulha abordaram os jovens e os prenderam sem motivo.

Os soldados os teriam obrigado a esvaziar os bolsos e teriam pego 4500 gourdes (R$ 210), um telefone celular e as carteiras de identidade dos haitianos.

Os jovens teriam sido conduzidos em seguida a uma escola próxima onde, segundo o relato, foram espancados.

TOLERÂNCIA ZERO

Amorim disse ter tratado do caso em encontro ontem com o comandante da missão, general Luiz Ramos, que estava no Brasil.

"Já há uma investigação em curso feita pela própria Minustah, portanto pelas Nações Unidas, sobre o incidente. Então eu não vou me pronunciar sobre o que aconteceu, porque será a investigação que vai apontar os caminhos", afirmou Amorim no início da tarde, após participar de evento com a ex-presidente do Chile e atual diretora-executiva da ONU Mulheres, Michelle Bachelet.

Assessores do ministro disseram ainda que o general Ramos afirmou que até o momento não foram encontradas provas do envolvimento de soldados da tropa, mas ressaltou que a Minustah tem uma política de "tolerância zero" com desvios de conduta de seus integrantes.

Caso haja indícios de irregularidades o caso será repassado às forças armadas brasileiras para que prossigam com as investigações.

"Se for comprovada a agressão é ruim para a missão e para a imagem da ONU" disse Eliana Nabaa, porta-voz da Minustah.

FOLHA