Milhares de norte-coreanos foram às ruas de Pyongyang nesta segunda-feira para prestar homenagem ao ditador Kim Jong-il, morto no último sábado (17) após sofrer um ataque cardíaco. Em meio ao clima de luto, muitos cidadãos choram intensamente, se ajoelham no chão, e alguns chegam até mesmo a desmaiar por sentir a morte do seu "querido líder".
Crianças e adultos deixaram flores em homenagem ao ditador em memoriais montados pela cidade. "Como algo tão cruel pode ter acontecido? Por favor, volte, general. Não acreditamos que você se foi", disse a norte-coreana Hong Son Ok durante entrevista à TV estatal.
"Ele morreu muito repentinamente, para nossa profunda tristeza", disse a agência estatal norte-coreana em um comunicado. "O coração de Kim Jong-Il parou de bater, mas seu nome notável e sua imagem benevolente será lembrada sempre pelo Exército e pelo povo".
Algumas horas após a comunicação da morte, Kim Jong-un, filho mais novo de Kim Jong-il, foi anunciado como o "grande sucessor do sistema revolucionário" da Coreia do Norte pela agência estatal KCNA.
Há cerca de um ano, Kim Jong Il havia indicado que Kim Jong Un deveria sucedê-lo. "Não haverá emergência [na Coreia do Norte], pelo menos nos próximos meses", disse Baek Seung-joo, do Instituto de Análises da Defesa da Coreia do Sul.
A morte do ditador deve prejudicar os esforços dos Estados Unidos para que Pyongyang abandone seu programa de armas nucleares, já que o successor pode tentar passar uma imagem de força para se consolidar no poder.
O Exército sul-coreano entrou em alerta após a notícia da morte de Jong-il, que ficou 17 anos no poder. O presidente americano, Barack Obama, conversou por telefone com o colega sul-coreano, Lee Myung-bak, e prometeu monitorar de perto a situação.
EUROPA
Líderes europeus pedem que os norte-coreanos retomem as negociações para parar com seu programa de desenvolvimento de tecnologia nuclear, e dize estar "acompanhando" a situação do país. As autoridades alemãs pediram aos sucessores de Kim Jong-il no comando da Coreia do Norte que iniciem um processo de democracia e melhorem as condições de vida da população.
Algumas horas após a comunicação da morte, Kim Jong-un, filho mais novo de Kim Jong-il, foi anunciado como o "grande sucessor do sistema revolucionário" da Coreia do Norte pela agência estatal KCNA.
Um porta-voz do Executivo afirmou em um encontro com a imprensa em Berlim que é importante melhorar o nível de vida da população e que o país abandone a atual situação de pobreza. O governo alemão também pediu que o programa nuclear seja interrompido. Kim Jong-il fez dois testes nucleares subterrâneos em 2006 e 2009.
Na França, o ministro das Relações Exteriores, Alain Juppé, afirmou que não compartilha a tristeza expressada por Pequim pela morte de Kim Jong-il, ao mesmo tempo em que manifestou seu desejo de que a Coreia do Norte recupere a liberdade.
JAPÃO E CHINA
O Japão ofereceu suas condolências à Coreia do Norte pela "repentina morte". O porta-voz japonês, Osamu Fujimura, disse esperar que isso "não afete a paz e a segurança na península coreana".
As autoridades chinesas, por sua vez, ofereceram suas "profundas condolências" pela morte do norte-coreano, destacando que foi um "bom amigo" da China. O regime comunista assegurou que Pequim continuará apoiando Pyongyang para "salvaguardar a paz e a estabilidade" na região.
"A notícia do falecimento do camarada Kim nos impactou. Oferecemos ao povo da República Popular Democrática da Coreia nossas condolências. Foi um grande líder e um bom amigo", assinalou na entrevista coletiva diária o porta-voz do Ministério de Relações Exteriores chinês, Liu Weimin.
Em Taiwan, o Ministério das Relações Exteriores formou um grupo especial de acompanhamento da situação da Coreia do Norte e da segurança na Ásia Oriental. "Também estamos em contato com os taiwaneses que moram na Coreia do Norte e Coreia do Sul para ver como protegê-los", disse o porta-voz, James Chang.
Na ilha, existe preocupação sobre os possíveis efeitos desestabilizadores na Ásia Oriental da morte de Kim e sobre o impacto na China, que é ao mesmo tempo o principal parceiro comercial e o máximo "inimigo político" de Taiwan.
FOLHA