sábado, 31 de dezembro de 2011

Obama aprova Orçamento da Defesa e novas sanções contra o Irã



O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, promulgou neste sábado o novo orçamento da Defesa, no valor de US$ 662 bilhões, além de novas e duras sanções contra o banco central e o setor financeiro do Irã, em um movimento que poderá aumentar a tensão entre Washington e Teerã.

As medidas, que visam a castigar a República Islâmica por seu programa nuclear, foram incluídas em uma proposta de lei de defesa que, segundo as autoridades americanas, foi assinada por Obama, apesar das reservas sobre seu impacto na política do Irã de determinar a prisão de suspeitos de terrorismo.

"O fato de eu apoiar esta lei como um todo não significa que eu concordo com tudo que está incluído nela", disse o presidente em referência às novas limitações para transferir detentos da prisão de Guantánamo, em Cuba, e as exigências de que ele notifique o Congresso antes de compartilhar informações sobre sistemas de defesa antimísseis com a Rússia.

TESTES

A lei chega no mesmo dia em que o Irã decidiu adiar testes com mísseis de longo alcance no Golfo Pérsico, previstos para hoje, e assinalou que estava pronto para novas conversas sobre seu controvertido programa nuclear.

A mídia estatal do Irã divulgou inicialmente no sábado que os mísseis de longo alcance teriam sido lançados durante exercícios navais, uma postura que poderia aborrecer o Ocidente devido às ameaças de Teerã de interromper uma rota de tráfego de petróleo importante no Golfo.

Mas o vice-comandante da Marinha, Mahmoud Mousavi, negou ao canal de língua inglesa Press TV que os mísseis foram disparados.

"O teste de lançamento de mísseis será realizado nos próximos dias", disse.

Dez dias de exercícios navais iranianos coincidiram com o aumento da tensão sobre o programa nuclear de Teerã com Washington e seus aliados. A União Europeia disse que considerava uma proibição - já posta em vigor nos Estados Unidos - sobre as importações do maior produtor de petróleo do mundo.

Analistas dizem que os relatos conflitantes sobre o teste com míssil tinham por objetivo lembrar o Ocidente das consequências se arriscasse aumentar a pressão sobre o Irã por seu programa nuclear, que o Ocidente diz que visa à construção de bombas nucleares. Teerã rejeita essa acusação.

"O local e o momento do exercício foram muito sagazes... então houve os relatos de lançamentos de mísseis que podem atingir as bases da América na região e Israel", disse o analista Hamid Farahvashian.

"Uma das mensagens era a de que se você se meter com o Irã, então terá que sofrer o caos econômico", disse. "Os iranianos sempre usaram essa tática de cenoura e bastão... primeiro eles usaram o bastão, que foi fechar Ormuz, e agora a cenoura, que é a disponibilidade para conversações".

MANOBRAS NAVAIS

O Irã começou sábado, dia 24 de dezembro, dez dias de manobras navais a leste do estreito de Ormuz, que liga o mar de Omã ao golfo de Aden.

Segundo autoridades militares iranianas, um de seus aviões identificou um porta-aviões americano na área de manobras navais organizada pela Marinha do Irã na região.



"Um avião de vigilância iraniano identificou um porta-aviões americano na zona de manobras em que estão mobilizados navios iranianos, fez fotos e filmou", declarou o almirante Mahmud Musavi.

"Isto demonstra que a Marinha iraniana observa e vigia todos os movimentos das forças na região", completou.

A Quinta Frota americana tem como porto base o Bahrein, o que permite a Washington ter uma importante presença naval no golfo Pérsico e em Omã.

FRANCE PRESS/FOLHA