Transformar 300 kg de cocaína pura numa montanha de um pó branco sem um só grama do entorpecente. Essa é a suspeita da Corregedoria da Polícia Civil de São Paulo contra uma equipe do Denarc (narcóticos), considerado um dos setores de elite da Polícia Civil paulista.
A investigação da Corregedoria aponta que a equipe - o número de policiais não foi divulgado - monitorava uma negociação de cocaína entre traficantes brasileiros e produtores da droga na Bolívia.
Ao descobrir que a cocaína havia entrado no Brasil, escondida em um caminhão que trafegou pelo Mato Grosso e pelo Mato Grosso do Sul, os policiais civis interceptaram o veículo nos limites de São Paulo.
Ao seu chefe imediato, o delegado Eymard Bertho Ferreira Junior, a equipe disse ter apreendido 300 kg de cocaína pura. A informação foi repassada do delegado para a chefia do Denarc.
Mas as suspeitas começaram quando os policiais levaram o pó branco para a perícia, que constatou não haver um só grama da droga naquela pequena montanha de pó.
Por conta da suspeita de os 300 kg de cocaína terem sidos trocados, Ferreira Junior e seus subordinados foram afastados. A reportagem não localizou na noite de ontem o delegado.
Após a perícia contradizer os investigadores do Denarc, os policiais mudaram a versão para a apreensão dos 300 kg de cocaína e passaram a sustentar que a localização daquele pó branco "era estratégia dos traficantes para desviar a atenção" do Denarc.
Em 1999, policiais civis que atuavam em Campinas (93 km de SP) foram investigados sob a suspeita de participação no furto de 340 kg de cocaína armazenados no IML (Instituto Médico Legal).
FOLHA