Preso desde 29 de fevereiro pela Operação Monte Carlo, o empresário Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, não vai comparecer ao enterro de sua mãe, na tarde de hoje, em Anápolis. Segundo sua advogada, Dora Cavalcanti, não há tempo hábil para solicitar oficialmente e ao mesmo tempo conseguir sua saída temporária para participar da despedida.
A mãe de Cachoeira, Maria José, conhecida em Anápólis como "dona Zezé", morreu na madrugada desta segunda-feira, aos 79 anos. Mãe de 14 filhos - 12 deles vivos -, ela faleceu, segundo familiares, de falência múltipla de órgãos. O enterro está marcado para as 17h.
Segundo a advogada de Cachoeira, o ocorrido seria comunicado a ele pela direção do presídio de segurança máxima de Mossoró, onde está detido.
A Lei de Execução Penal, em seu artigo 120, diz que presos, entre eles os provisórios - como o caso de Cachoeira, poderão "obter permissão" para sair cadeia, mediante escolta, quando, por exemplo, ocorrer a morte da própria mãe. Cabe ao diretor do presídio conceder a saída.
A advogada de Cachoeira disse que a equipe de defesa dele chegou a consultar a direção do presídio sobre a possibilidade de o empresário comparecer ao enterro, mas desistiu de oficializar o pedido por causa da burocracia, do tempo que isso levaria e também em razão da longa distância entre Anápolis e Mossoró.
"Não haveria como chegar. Essa possibilidade não existe. A gente conversou com o presídio, mas ficou inviabilizado", disse. Ela aproveitou o episódio da morte da mãe de Cachoeira para criticar a prisão do cliente. "Isso mostra que ele está sendo punido antecipadamente", afirmou. Na semana passada, o ministro Gilson Dipp, do STJ (Superior Tribunal de Justiça), negou o pedido de habeas corpus a Cachoeira.
Ele foi preso na Operação Monte Carlo, da Polícia Federal, no dia 29 de fevereiro, sob a acusação de comandar um esquema de jogo ilegal. Segundo a investigação, o grupo de Cachoeira cometeu os crimes de corrupção, lavagem de dinheiro, entre outros, para sustentar uma máfia de jogos.
A Operação Monte Carlo envolve o nome de parlamentares, entre eles o senador Demóstenes Torres (sem partido-GO), um grupo de deputados e integrantes dos governos de Goiás e Distrito Federal. O Congresso deve instalar uma CPI esta semana para investigar o caso.
FOLHA