segunda-feira, 28 de maio de 2012

Medidas não devem melhorar qualidade do crédito no Brasil, diz agência


As últimas medidas de estímulo ao crescimento adotadas pelo governo brasileiro não lidam com questões de produtividade e competitividade do setor industrial e não devem ter um impacto duradouro na qualidade de crédito do país, afirmou nesta segunda-feira a agência de classificação de risco Moody's.

Na semana passada o Brasil lançou uma série de ações para incentivar os setores automotivo e de bens de capital, além do consumo em geral.

Para a agência, as medidas são parecidas com as implementadas pelo governo em 2009 para estimular a economia após a crise financeira global. Desta vez, entretanto, elas não serão tão efetivas por causa da dívida maior do consumidor, atualmente em 43% da receita familiar, contra 32% em 2009, disse a Moody's.

A inadimplência também está alta de acordo com padrões históricos no Brasil, impedindo que os bancos ampliem os empréstimos a automóveis de maneira significativa, completou a agência de classificação.

"Mais importante, achamos que as medidas com base na demanda falham em lidar com os problemas do lado da oferta associados com baixa produtividade e reduzida competitividade no setor industrial, fatores que reprimem as perspectivas econômicas", escreveu o analista da Moody's Mauro Leos em um relatório.

Atualmente a Moody's tem uma perspectiva positiva para o Brasil com rating Baa2, e Leos afirmou que a agência provavelmente decidirá se eleva ou não o país de novo até o final do ano, dependendo do cenário internacional.

Mas as mudanças na política econômica brasileira, com o governo oscilando entre medidas restritivas e expansionistas, não devem ser favoráveis ao grau de risco do país, disse Leos no relatório.

"As perspectivas econômicas e de crédito do Brasil se beneficiariam mais de ações que reduzam a dependência de incentivos seletivos de curta duração, desenvolvendo uma estratégia de impulso ao investimento em poupança, e à produtividade de maneira mais permanente", disse a Moody's.

REUTERS/FOLHA