As últimas medidas de estímulo ao crescimento adotadas pelo governo brasileiro não lidam com questões de produtividade e competitividade do setor industrial e não devem ter um impacto duradouro na qualidade de crédito do país, afirmou nesta segunda-feira a agência de classificação de risco Moody's.
Na semana passada o Brasil lançou uma série de ações para incentivar os setores automotivo e de bens de capital, além do consumo em geral.
Para a agência, as medidas são parecidas com as implementadas pelo governo em 2009 para estimular a economia após a crise financeira global. Desta vez, entretanto, elas não serão tão efetivas por causa da dívida maior do consumidor, atualmente em 43% da receita familiar, contra 32% em 2009, disse a Moody's.
A inadimplência também está alta de acordo com padrões históricos no Brasil, impedindo que os bancos ampliem os empréstimos a automóveis de maneira significativa, completou a agência de classificação.
"Mais importante, achamos que as medidas com base na demanda falham em lidar com os problemas do lado da oferta associados com baixa produtividade e reduzida competitividade no setor industrial, fatores que reprimem as perspectivas econômicas", escreveu o analista da Moody's Mauro Leos em um relatório.
Atualmente a Moody's tem uma perspectiva positiva para o Brasil com rating Baa2, e Leos afirmou que a agência provavelmente decidirá se eleva ou não o país de novo até o final do ano, dependendo do cenário internacional.
Mas as mudanças na política econômica brasileira, com o governo oscilando entre medidas restritivas e expansionistas, não devem ser favoráveis ao grau de risco do país, disse Leos no relatório.
"As perspectivas econômicas e de crédito do Brasil se beneficiariam mais de ações que reduzam a dependência de incentivos seletivos de curta duração, desenvolvendo uma estratégia de impulso ao investimento em poupança, e à produtividade de maneira mais permanente", disse a Moody's.
REUTERS/FOLHA