quinta-feira, 16 de agosto de 2012

Em carta, Paul McCartney pede força às cantoras da Pussy Riot

MOSCOU — Depois que a cantora Madonna manifestou publicamente seu apoio e a islandesa Björk cantou uma música de solidariedade em seu um último show, foi a vez do o ex-Beatle Paul McCartney pedir para que as três integrantes da banda russa Russy Riot “sejam fortes”, em uma carta publicada nesta quinta-feira. No comunicado, o cantor disse que ele “e muitos outros que acreditam na liberdade de expressão farão tudo o que estiver ao seu alcance para apoiá-las e a ideia da liberdade artística”.


”Escrevo para mostrar o meu apoio nestes momentos de dificuldade (...). Acredito que as autoridades russas devam respeitar os princípios da liberdade de expressão para todos os cidadãos e não lhes castigar pelo protesto”, assinalou a carta de apoio divulgada pelas agências de notícias russas.

Nadejda Tolokonnikova, 22 anos, Ekaterina Samutsevich, 30 anos, e Maria Alejina, 24 anos, estão em prisão preventiva há cerca de cinco meses. As acusadas respondem por acusações de “vandalismo” e “incitação ao ódio religioso” por terem cantado no dia 21 de fevereiro uma oração punk na catedral do Cristo Salvador de Moscou, pedindo à Virgem Maria que “expulsasse” o presidente Vladimir Putin do poder.

A Anistia Internacional também entregou nesta quinta-feira à embaixada russa em Londres uma petição a favor das integrantes do grupo, de acordo com um fotógrafo da agência AFP. Um dos militantes da Anistia teria conseguido entregar o pedido a um guarda da embaixada da Rússia. Segundo a organização, a petição foi assinada por 10 mil pessoas.

Atos públicos em apoio a banda foram realizados em diversas cidades de todo o mundo. Na sexta-feira, nas imediações do tribunal Jamovnicheski de Moscou, líderes e partidários da oposição não parlamentar russa também se reunirão para uma grande manifestação.

Principais cantores russos ficam em silêncio sobre caso
Apesar das declarações de estrelas internacionais, que pediram publicamente pela libertação das três integrantes, e de mais 100 artistas, escritores, atores e músicos russos, que assinaram uma carta exigindo a libertação do grupo de punk rock, a resposta dos principais artistas do país foi o silêncio. Quando questionados sobre o caso, muitos parecem intrigados pelo apoio obtido pelas cantoras no exterior.

“O que o Pussy Riot tem para obter o apoio de todas essas estrelas internacionais?”, questionou a cantora veterana russa Valeria em seu site. 

“Eles devem estar falando isso porque alguém mandou”.

Quem conhece de perto a cena musical da Rússia afirma que as maiores estrelas do país tentam não se desentender com o presidente Vladimir Putin para não pôr em risco sua principal fonte de renda: os shows particulares para os super-ricos, que pagam muito bem. Outros podem achar que tomar uma posição contra o Kremlin significa perder espaço na televisão estatal.

- Para muitas dessas pessoas, o trabalho principal é se apresentar em festas corporativas para grandes empresas petrolíferas ou até mesmo para as principais autoridades do país - disse o cantor de rock Yevgeny Fyodorov.

- Elas são parte do sistema de Putin e têm medo de deixá-lo", disse Vasily Shumov, que compilou uma coleção online de canções este ano em apoio aos opositores de Putin, incluindo o Pussy Riot.


O GLOBO