sexta-feira, 7 de setembro de 2012

Mercedes para fábrica de São Bernardo na segunda


A Mercedes-Benz vai interromper na próxima segunda-feira, dia 10, a produção de caminhões, ônibus e outras linhas da fábrica de São Bernardo do Campo, região do ABC paulista.

A paralisação deve atingir cerca de 9.000 trabalhadores - inclusive das áreas de motor, eixo e câmbio. A empresa tem cerca de 13 mil trabalhadores, dos quais 1.400 já estão afastados até novembro.

Acordo feito com o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC (CUT) permite à montadora parar a produção para enfrentar queda nas vendas de caminhões que chegam a até 40%, segundo dados divulgados nesta semana pelo setor.

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Essa é a segunda vez que a empresa paralisa totalmente a fábrica em setembro. 

O objetivo é aproveitar o feriado dessa sexta-feira, o final de semana e a segunda para brecar a produção e diminuir os estoques.


No mês passado, já ocorreram outras cinco interrupções das linhas de produção, incluindo paradas parciais e totais.

A montadora também suspendeu o contrato de trabalho de 1.400 trabalhadores desde junho, por meio do sistema previsto na legislação e conhecido como "lay-off". Até novembro, eles recebem parte do salário subsidiado pelo FAT (Fundo de Amparo ao Trabalhador) , fazem curso de requalificação profissional no Senai e o restante da remuneração é pago pela companhia.

Entre maio e junho deste ano, 480 trabalhadores também ficaram em licença remunerada, além de a empresa ter concedido períodos de férias e folgas coletivas para operários de toda a fábrica.

NEGOCIAÇÃO

Enquanto as medidas anunciadas pelo governo federal não surtem efeito para reativar as vendas de caminhões, o sindicato negocia acordo para evitar a demissão de trabalhadores. Como a categoria está em campanha salarial e faz greve na segunda em vários empresas da região, o sindicato adiou o anúncio do acordo previsto para ontem para a próxima semana.

Em novembro, vence o contrato temporário de 480 trabalhadores que estão no "lay-off", e o sindicato quer a manutenção desses empregos.

A retração nas vendas de caminhões neste ano já era esperada pela empresa. 

Mas não no patamar de 30% a 40%, dependendo da categoria (semi-pesado, pesado) como mostram os dados mais recentes do setor.

A queda é resultado em parte da nova lei de emissão de poluentes, que exigiu motores com a nova tecnologia (Euro 5), o que encareceu o preço dos caminhões em cerca de 15%, e também reflexo

da desaceleração da economia.


PROPOSTAS

Para evitar demissões no setor, o sindicato apresentou propostas ao governo federal que prevê a renovação da frota de caminhões, principalmente naqueles com mais de 20 anos de idade e que pertencem a caminhoneiros autônomos. 

De acordo com o sindicato, os caminhoneiros representam 46% da frota total.

A idéia é que os caminhoneiros possam trocar os veícu­los antigos por meio de subsídio do governo, além de obter desconto das montadoras, isenção de impostos e melhores condições de financiamento no BNDES.

A segunda proposta é a criação de um fundo anticrise para manter empregos, custeado com recursos do adicional de 10% da multa do FGTS paga pelas empresas nas demissões sem justa causa.


Esse fundo poderia ser acionado em casos como esse da Mercedes ou da GM, de São José dos Campos, que também informa haver excedente na produção.


SCANIA

A Scania também assinou acordo com o sindicato em maio para flexibilizar a jornada de trabalho e poder parar a fábrica por até 20 dias.

A fabricante sueca de ônibus e caminhões já usou 16 dos 20 dias previstos no acordo. Se necessário, pode antecipar metade dos 20 dias de parada na produção previstos para 2013.

FOLHA DE S. PAULO