terça-feira, 30 de outubro de 2012

Grécia alcança acordo com credores sobre medidas de austeridade


O primeiro-ministro da Grécia, Antonis Samaras, anunciou que o país concluiu as negociações com seus credores internacionais sobre novas medidas de austeridade que devem ser aplicadas pelo seu governo. O acordo faz parte das condições para que a Grécia receba novas parcelas de um empréstimo da chamada troika (formada pelo Banco Central Europeu, pela União Europeia e pelo Fundo Monetário Internacional).

"Hoje concluímos a negociação sobre as medidas e o orçamento", afirmou Samaras, acrescentando que a aprovação das novas medidas pelo parlamento "manterá a Grécia na zona do euro".

Um anúncio anterior sobre o acordo, feito pelo ministro das Finanças da Grécia, Yannis Stournaras, se provou falso. Ele havia dito que a troika havia dado dois anos para que o país aplicasse as medidas de austeridade. No mesmo dia, porém, a União Europeia se pronunciou dizendo que, embora as negociações estivessem adiantadas, ainda havia assuntos a serem resolvidos entre as duas partes.

O pacote agora deve ser votado pelo Parlamento grego para que entre em vigor.

As primeiras medidas de austeridade aplicadas pelo governo de Samaras no país causaram polêmica, já que envolviam cortes em áreas como educação e saúde. Nas últimas semanas, milhares de gregos saíram às ruas para protestar contra o governo, em duas ocasiões.

A primeira, no início de outubro, foi uma manifestação contra a visita da chanceler alemã, Angela Merkel, vista por muitos como uma das responsáveis pelas pressões financeiras que a União Europeia exerce sobre a Grécia. A segunda, há duas semanas, foi uma demonstração de força diante da cúpula da União Europeia, que se reunia na mesma época em Bruxelas.

CRISE

A Grécia obteve a concessão de um resgate de € 130 bilhões (R$ 341,2 bilhões) em fevereiro. O empréstimo, concedido pela troika, foi dividido em parcelas. Para receber a segunda parte, o governo do país precisava desse novo acordo sobre medidas de austeridade econômica.

Os gregos passam por uma crise econômica devastadora. O desemprego atingiu a marca de 25% em julho, num recorde histórico. A taxa afeta 54,2% dos jovens entre 15 e 24 anos sem estudos e 31,4% na faixa de 25 a 34 anos.

As autoridades gregas divulgaram no início de outubro uma previsão de 3,8% de contração do PIB para este ano, confirmando o sexto ano consecutivo de recessão. Sucessivos cortes têm sido feitos para sanar as dívidas do país, em áreas como educação, aposentadoria e benefícios sociais.

FOLHA DE S. PAULO