terça-feira, 4 de dezembro de 2012

Comandante de batalhão cai após prisão de PMs no Rio de Janeiro


O comandante do 15º Batalhão da Polícia Militar do Rio, tenente-coronel Cláudio de Lucas Lima, foi exonerado do cargo após ter 65 subordinados acusados de envolvimento com o tráfico de drogas em Duque de Caxias. Ele foi substituído na manhã desta terça-feira pelo tenente-coronel Maurício Faria da Silva.

O comandante-geral da PM, coronel Erir Ribeiro, afirmou que ele foi retirado do cargo por não ter notado a corrupção no batalhão. "Pela quantidade de policiais envolvidos, não estava ocorrendo fiscalização para que não ocorresse esse fato. Se ele não procurou saber, errou", disse.

Até as 14h30, 60 policiais militares e 11 pessoas envolvidas no tráfico de drogas havia sido presas durante operação "Purificação", que tem participação da Coordenadoria de Inteligência da PM, além da Polícia Federal, Subsecretaria de Inteligência da Secretaria de Segurança e o Ministério Público do Rio.

De acordo com a PM, é a operação que prendeu mais PMs na história da corporação.

A quadrilha é acusada de receber propina de traficantes em favelas da Baixada Fluminense, dominadas pela facção Comando Vermelho. Quando o pagamento não era feito, PMs sequestravam familiares dos criminosos para garantir o pagamento.

O nome do ex-comandante do 15º BPM é citado em algumas escutas feitas durante a investigação. Mas não houve provas de que ele está envolvido ou mesmo se sabia da conduta dos policiais sob seu comando. Todos os 65 PMs denunciados são praças. O batalhão tem um efetivo de cerca de 600 homens.
"O policial militar tem que ter a certeza de que [a impunidade] acabou. Não aceitamos mais ser humilhados por desvios de conduta praticados por alguns", disse Ribeiro.

O secretário de Segurança, José Mariano Beltrame, afirmou que a ação mostra que a PM se tornou mais "pró-ativa" na identificação dos desvios de conduta.
"O combate ao desvio de conduta é algo que sempre preconizamos. Não há instituição que ganhe confiança sem mostrar a capacidade de cortar na própria carne", disse Beltrame.

R$ 5 MIL POR DIA

De acordo com as investigações, os dois Grupos de Ação Tática do batalhão recebiam até R$ 5 mil diariamente, dependendo do movimento das bocas de fumo das favelas da região. A principal comunidade de atuação era a Vai Quem Quer, mas outras 12 quadrilhas de favelas da cidade também eram extorquidas. Segundo a denúncia, os 65 PMs agiam em 11 "células autônomas".
A Justiça expediu 65 mandados de prisão contra policiais e 18 contra civis. Um traficante do Mato Grosso do Sul, identificado até o momento como "Barão", foi preso. Ele forneceria droga para as favelas da facção em Duque de Caxias.

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