quinta-feira, 28 de março de 2013

Setor público tem 1º déficit primário da história para o mês de fevereiro


BRASÍLIA - Depois de registrar um surpreendente superávit de R$ 30,251 bilhões em janeiro, o setor público consolidado (Governo Central e regionais e empresas estatais, com exceção de Petrobras e Eletrobras) registrou déficit primário de R$ 3,03 bilhões em fevereiro, segundo informou nesta quinta-feira o Banco Central (BC). O déficit primário é inédito para fevereiro na série histórica do BC, iniciada em dezembro de 2001.
O chefe do Departamento Econômico do BC, Tulio Maciel, afirmou nesta quinta-feira que o resultado fiscal de fevereiro, um déficit de R$ 3,03 bilhões, não é favorável "isoladamente". "É a primeira vez que registramos um déficit para mês de fevereiro", comparou. Maciel afirmou que nesta quarta-feira (27) o secretário do Tesouro Nacional, Arno Augustin, disse que o ideal para fazer a avaliação das contas públicas seria usar os dados acumulados no primeiro bimestre de 2013.
Em janeiro, o BC registrou um superávit recorde de mais de R$ 30 bilhões. "Como mencionado ontem pelo secretário, a melhor avaliação do fiscal deve ser feita no bimestre, tendo em vista que o resultado de janeiro veio em cima das expectativas e se deveu à antecipação de receitas de fevereiro. Isso influenciou o resultado", disse o chefe do Departamento Econômico do BC.
O dado de fevereiro ficou dentro do intervalo das estimativas colhidas pelo AE Projeções, que variavam de um déficit de R$ 5,5 bilhões a um superávit de R$ 5,7 bilhões. A mediana da amostragem era negativa em R$ 2,6 bilhões. De acordo com o banco, a maior parte do déficit de fevereiro foi causada pelo Governo Central, que encerrou o período com saldo negativo de R$ 7,144 bilhões.
Já os governos regionais contribuíram com um superávit de R$ 4,242 bilhões e as empresas estatais tiveram um déficit de R$ 130 milhões. A autoridade monetária informou também que no bimestre o superávit primário do setor público é de R$ 27,220 bilhões, o equivalente a 3,67% do Produto Interno Bruto (PIB). Em igual período de 2012, essa fatia estava em 5,25% do PIB. Em 2013, o compromisso da administração federal é de economizar R$ 155,9 bilhões para pagar os juros da dívida.
Primário

Maciel disse que o resultado fiscal do primeiro bimestre do ano, um superávit de R$ 27,220 bilhões, ficou R$ 8 bilhões abaixo do saldo visto em igual período de 2012 (R$ 35,530 bilhões), mas é maior do que o observado nos dois primeiros meses de 2011, quando somou R$ 25,661 bilhões. "Dois mil e onze foi o ano fiscal em que fizemos superávit cheio", declarou. A meta do governo para este ano é de economizar R$ 155,9 bilhões para pagamento de juros.

Um dos motivos que levaram o resultado a ser superior no início de 2012 foi, de acordo com ele, um incremento das receita no valor de R$ 5 bilhões em função do pagamento de dividendos. Ajuda também a explicar a diferença, segundo Maciel, o crescimento das despesas este ano da ordem de R$ 3 bilhões.
Retomada
O chefe do Departamento Econômico explicou que a arrecadação de impostos e contribuições mostra reação na margem. "Isso, sem dúvida nenhuma, já está refletindo uma diferença do nível de atividade e tende a sensibilizar mais as receitas. A retomada da atividade desenha uma perspectiva favorável para o lado fiscal", previu.
Maciel prosseguiu afirmando que o superávit primário acumulado em 12 meses até fevereiro é o pior resultado desde novembro de 2012. O dado apresentado nesta quinta-feira BC ficou em 2,16% do Produto Interno Bruto (PIB) e o anterior havia sido de 1,93%. A conta de juros também é a pior para fevereiro, assim como o resultado acumulado no bimestre e em 12 meses. A relação com o PIB foi de 4,9% em fevereiro e o de novembro de 2012 ficou em 4,92%, conforme o chefe de departamento.
ESTADÃO