terça-feira, 31 de março de 2015

JOAQUIM LEVY MENTIU PARA VALER PERANTE A COMISSÃO DO SENADO

Deu no Estadão 

O ministro da Fazenda, Joaquim Levy, disse nesta terça-feira, 31, que a mudança do indexador das dívidas dos Estados é inócua para a maior parte dos entes federativos. Ele afirmou que o projeto do indexador foi estabelecido em outro momento e que o custo dos Estados era muito abaixo do custo de financiamento da União.

Ele explicou que em momentos de desaceleração econômica a União tem que tomar medidas mais drásticas, enquanto os Estados pagam menos nessas circunstâncias. Na tarde de hoje, o plenário do Senado pode votar o projeto de lei que estabelece 30 dias de prazo para o governo regulamentar a lei que muda o indexador.

Levy afirmou que o diálogo com Estados e municípios é muito importante. Sua ida ao Senado foi justamente para tentar evitar que a Casa coloque em votação o projeto que obriga o governo a regulamentar em 30 dias a lei do indexador da dívida dos Estados e municípios.

“A retomada do crescimento vai depender em grande parte também da ação dos Estados e municípios”, afirmou. “O próprio nome do País diz que é a República Federativa do Brasil”, ressaltou. Ele disse que é uma honra participar da audiência pública na comissão onde se discutem os assuntos mais importantes do País.

REFORMA DO ICMS

Para Levy, o ajuste fiscal é necessário não só para evitar os problemas atuais, mas para “pavimentar o caminho para frente, em que se valorize as conquistas sociais”. Ele afirmou que, em sua fala, explicará os motivos do ajuste fiscal e, ao final, comentará a questão do ICMS. Para facilitar o acordo que selou o adiamento da votação, Delcídio Amaral (PT-MS), presidente da Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado, “embalou” no pacote o discurso de uma negociação mais ampla da reforma do ICMS e da convalidação dos incentivos fiscais concedidos pelos Estados.

“Reputo [as discussões em torno do ICMS] como um dos fatores primordiais para a retomada econômica e do ambiente de confiança para investidores. O investidor de carne e osso tem que escolher o lugar, se estabelecer, conhecer as regras antes de levantar os muros da fabrica”, afirmou, acrescentando que ter segurança é fundamental para que se retome investimentos. Se a Fazenda conseguir apresentar na CAE sinalizações concretas de avanço nesses dois pontos, a expectativa de aliados do Planalto é de que haverá espaço para negociar a retirada de pauta do projeto que obriga o governo a regulamentar a mudança no indexador.

GRAU DE INVESTIMENTO

O ministro disse também que o Brasil pode perder o grau de investimento dado pelas agências de classificação de risco caso o ajuste fiscal não seja feito. “Se não fizermos ajuste, ainda existe risco de perder o grau de investimento. O custo será altíssimo para o governo, para as empresas e para o trabalhador”, afirmou.

Levy lembrou que muitos investidores não podem aplicar em países que não têm grau de investimento e que isso teria grande impacto na economia real. “Para preservação do emprego, temos que botar a dívida pública em uma trajetória sustentável, que nos traga para a esquerda (do gráfico apresentado aos senadores). Sempre movendo para a esquerda”, disse, em tom de brincadeira.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG– Já era esperado. Muita embromação e enganação. Dizer que a mudança do indexador das dívidas dos Estados é inócua para a maior parte dos estados, sem a menor dúvida, é menosprezar a inteligência alheia. Se a mudança é inócua, por que o governo luta tanto para evitar que ocorra? O ministro alegou também que as mudanças no pagamento de seguro-desemprego ajudarão a reduzir a rotatividade no mercado de trabalho. Como pode dizer uma bobagem dessas? Seu despreparo, portanto, é estarrecedor. Nas propostas de Levy, não há corte de custeio, o governo só cortará em investimentos, piorando a crise. Ele diz que se formou em Chicago, mas na verdade segue a teoria do professor francês Pangloss, inspirador da teoria econômica do “laisser faire”, que significa deixar como está. Uma decepção. Deveria voltar logo para o terceiro escalão do Bradesco. (C.N.)

Tribuna da Internet